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authorSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2018-08-07 10:05:58 -0300
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-[[!meta title="O Método - Volume I"]]
-
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-
-## Geral
-
-* Complexidade: circuito de complementaridade, concorrência e antagonismo de termos irredutíveis.
-* Método, originalmente caminhada, 36.
-* Jogo, 111.
-* Simples, homologia e equivalência, 181.
-* Sistema: o conceito complexo mais simples, 187.
-* Poíesis, 200.
-* Mumford e a máquina faraônica de 100 mil homens-vapor, 211.
-* Máquinas artificiais como incompletas: a mais organizacionalmente enferma, 214-215.
-
-## Ordem e racionalidade clássica
-
- O universo de fogo, substituindo o antigo universo de gelo,
- faz soprar o vento da loucura na racionalidade clássica,
- que ligava em si as ideias de simplicidade, funcionalidade
- e economia. O calor ainda comporta agitação, dispersão,
- ou seja, perda, despesa, dilapidação, hemorragia.
-
- A despesa era ignorada onde reinava a ordem soberana. Esta
- significava, ao contrário, economia. A economia cósmica,
- física e política se fundava em uma lei geral do menor esforço,
- do menor atalho de um ponto a outro, do menor custo de uma
- transformação a outra. A verdade de uma teoria ainda se julga
- por seu caráter econômico com relação a seus rivais, mais
- dispendiosos em conceitos, postulados, teoremas.
-
- -- 111-112
-
-## Vida
-
- A vida, acaba-se de ver, é a emanação da organização viva;
- não é a organização viva que é a emanação de um princípio vital.
-
- -- 138
-
-## Dependência entre sistemas
-
- Há neste encadeamento sobreposição, confusão, superposição de
- sistemas e há, na necessária dependência de um em relação aos
- outros.
-
- -- 128
-
-## Simplexidade: a complexidade necessária da pragmática
-
-Numa segunda releitura da parte inicial d'O Método, confrontei minha noção de
-simplexidade, ou complexidade necessária com o conceito de complexidade
-moriniano.
-
-Há aí, à primeira vista, um óbvio antagonismo de pontos de vista: o simples,
-reducionista, seria visto em oposição ao complexo, irredutível.
-
-O que ocorre, de fato, é que ambas as conceituações são complementares ao
-prestarmos atenção à qualidade *necessária* da noção de simplexidade, que
-nada mais é do que o estabelecimento de um nível de complexidade de entendimento
-e uso do conhecimento para determinado fim. É necessário porque pragmático,
-por exemplo para fins didáticos.
-
-Por quê o simples é sedutor? Pela sua facilidade. A pragmática reducionista
-levou a ciência a várias revoluções. Sua sistemática facilitou enormemente
-a pesquisa em ciência normal. Mas pode, como Morin aponta n'O Método,
-circunscrever o conhecimento apenas naquilo que pode ser restringido a
-conceitos simples e irredutíveis, o que cada vez mais se torna impossível:
-
- O pensamento racionalista comporta um aspecto de racionalização demente
- em sua ocultação do gasto absurdo.
-
- -- 111
-
-Não se pode, então, confundir a pragmática de um nível de entendimento da
-complexidade necessária da natureza como sendo a natureza de fato. No
-uso da simplexidade, "travamos" temporariamente a espiral de conhecimento
-para que dele possamos fazer um uso prático usando o que consideramos
-conceitualmente mais importante, mais essencial em detrimento do desnecessário
-e desimportante.
-
-Nisto, vale a formulação de Malatesta em seu texto A Organização II:
-
- Antes de mais nada, há uma objeção, por assim dizer, formal. “Mas de
- que partido nos falais? Dizem-nos, nem sequer somos um, não temos um programa”.
- Este paradoxo significa que as idéias progridem, evoluem continuamente,
- e que eles não podem aceitar um programa fixo, talvez válido hoje, mas
- que estará com certeza ultrapassado amanhã.
-
- Seria perfeitamente justo se se tratasse de estudantes que procuram a verdade,
- sem se preocuparem com as aplicações práticas. Um matemático, um quí-
- mico, um psicólogo, um sociólogo podem dizer que não há outro programa senão
- o de procurar a verdade: eles querem conhecer, mas sem fazer alguma coisa.
- Mas a anarquia e o socialismo não são ciências: são proposições, projetos que os
- anarquistas e os socialistas querem por em prática e que, conseqüentemente,
- precisam ser formulados como programas determinados. A ciência e a arte das
- construções progridem a cada dia. Mas um engenheiro, que quer construir ou
- mesmo demolir, deve fazer seu plano, reunir seus meios de ação e agir como se
- a ciência e a arte tivessem parado no ponto em que as encontrou no início de
- seu trabalho. Pode acontecer, felizmente, que ele possa utilizar novas aquisições
- feitas durante seu trabalho sem renunciar à parte essencial de seu plano. Pode
- acontecer do mesmo modo que as novas descobertas e os novos meios industriais
- sejam tais que ele se veja na obrigação de abandonar tudo e recomeçar do
- zero. Mas ao recomeçar, precisará fazer novo plano, com base no conhecimento e
- na experiência; não poderá conceber e por-se a executar uma construção amorfa,
- com materiais não produzidos, a pretexto que amanhã a ciência poderia sugerir
- melhores formas e a indústria fornecer materiais de melhor composição.
-
- Entendemos por partido anarquista o conjunto daqueles que querem contribuir
- para realizar a anarquia, e que, por conseqüência, precisam fixar um objetivo a
- alcançar e um caminho a percorrer. Deixamos de bom grado às suas elucubrações
- transcendentais os amadores da verdade absoluta e de progresso contínuo, que,
- jamais colocando suas idéias à prova, acabam por nada fazer ou descobrir.
-
- https://ayrtonbecalle.files.wordpress.com/2014/03/errico-malatesta-a-organizac3a7c3a3o-ii.pdf
-
-A simplexidade é justamente o reconhecimento do paradoxo que Malatesta coloca
-entre a evolução contínua das ideias e a necessidade do aqui e agora de uma
-escolha prática para a organização.
-
-Assim, minha brincadeira com Morin consiste em negar o reducionismo no próprio
-conceito de simplicidade: em contraponto ao simples como irredutível, busco o
-simples não-simples, o simples complexo, a complexidade do simples e a
-simplicidade do complexo: antagonistas e complementares.
-
-Saber quando e como se utilizar de determinados níveis de complexidade para a
-construção de entendimentos é uma arte.
-
-A simplificação pode ajudar a andar porém pode cegar da maioria das coisas que
-existem e acontecem. Já a complexificação pode dificultar escolhas mas pode
-abrir horizontes de compreensão.
-
-Há também uma ligação fundamental entre simplexidade e bem viver.
-
- A complexidade não é complicação. O que é complicado pode se reduzir a um princípio
- simples como um emaranhado ou um nó cego. Certamente o mundo é muito complicado, mas
- se ele fosse apenas complicado, ou seja, emaranhado, multidependente, etc., bastaria
- operar as reduçõe sbem conhecidas [...] O verdadeiro problema, portanto, não
- é devolver a complicação dos desenvolvimentos a regras de base simples. A complexidade
- está na base.
-
- [...]
-
- O simples é apenas um momento arbitrátrio de abstração arrancado das complexidades,
- um instrumento eficaz de manipulação laminando um complexo.
-
- -- 456
-
-## Finalidade e causalidade
-
- O erro é não apenas reduzir o universo da vida, do homem, da sociedade ao das
- máquinas artificiais, é também redurzir o unoiverso das máquinas artificiais às
- máquinas artificiais. O erro está na recionalização cibernética que só quer ou
- só pode ver no ser vivo e no ser social uma máqiuna lubrificada e funcional que
- pde para ser mais lubrificada e mais funcionalizada para sempre. Tal
- racionalização finalitária se torna simétrica à antiga causalidade elementar,
- pois, como esta, ela expulsa a incerteza e a complexidade. O erro é o mesmo do
- pensamento tecnocrático que fez da máquina o eídolon de toda vida, o novo
- ídolo, a rainha do mundo robotizado! A finalidade é certamente uma emergência
- cibernética da vida, mas ela emerge na complexidade. Que seja no nível do
- organismo, do indivíduo da reprodução da espécie, do ecossistema, da sociedade,
- a ideia de finalidade deve ser simultaneamente integrada e relativizada, ou
- seja, complexificada. É uma noção que não é nem clara, ne distinta, mas
- pestanejante. A complexidade a desmultiplica, mas também a escurece. Os
- objetivos práticos, as operações funcionais, são claros e evidentes, mas eles
- se engrenam nas finalidades cada ve menos claras e menos evidentes...
-
- -- 325
-
- A dialógica, as dialéticas endo-exocausais têm um caráter aleatório. Quer dizer
- que a causalidade complexa comporta um princípio de incerteza: nem o passado nem
- o futuro podem ser inferidos diretamente do presente (Maruyama, 1974). Não pode
- mais haver nem explicação segura do passado nem futurologia arrogante: pode-se,
- deve-se construir cenários possíveis e improváveis para o passado e para o futuro.
-
- É preciso compreender que mesmo a causalidade pode ter um efeito ínfimo, ou,
- pelo contrário, devido às retroações amplificadoras, desestruturadoras,
- morfogenéticas que ela desencadeará, ser como uma avalanche durante séculos e
- séculos.
-
- -- 329
-
-## Informacionalização
-
- Como a informação é cada vez mais captada pelo inimigo, que se tornando cada
- vez mais inteligente, como o inimigo extrai de nossos traços marcas, odores,
- etc., informações para nos situar, então se desenvolvem conjuntamente a
- camuflagem, o engodo, a esperteza e a arte de detectar a camuflagem, o engodo e
- a esperteza. A informação se torna agora equívoca e ambivalente: ela adverte e
- trai; ela informa eventualmente aquele que não deve informar: o inimigo, o
- concorrente. Grande "progresso" na história da vida: a entrada da enganação na
- comunicação. De agora em diante, a vitória não pertence mais somente à força e
- ao endereço, mas também à esperteza, depois à mentira (homo sapiens). A mentira
- humana, ao se sociologizar, ao se ideologizar, desdobra-se, frutifica, triunfa,
- já que ela está ornada das virtudes da verdade. Quanto mais o universo for
- informacionalizado, mais ele será assim, até que a saturação de mentira e de
- hipocrisia desencadeie uma inversão da tendência, como eu quero esperar.
-
- -- 404
-
- Todo o poder de Estado dispõe do poder programador/ordenador sobre a sociedade
- (poder de regular, legislar, deretar), do poder estratégico (elaborar e decidir
- as políticas a seguir) e do poder de comando/controle. O Estado dito
- "totalitário" vai mais longe: ele concentra em si a memória oficial (o poder de
- escrever a História do passado e de ditar a história do presente), o controle
- de todos os meios de expressão e de comunicação da informação: o monopólio do
- saber verídico pelo menos no que diz respeito à sociologia e à política,
- eventualmente em matéria de ciência e de artes; o controle direto de todos os
- aparelhos econômicos e outros.
-
- [...]
-
- A idéia-chave que o poder está na produção deve ser lida e compreendida não no
- sentido restrito, economista do termo produção, mas no seu sentido
- organizacionista/informacional. Não é o poder sobre os "meios" de produção, é
- o poder sobre a produção da produção, ou seja, a generatividade social: não é
- apenas a propriedade das coisas, dos bens: o domínio está no domínio dos meios
- de domínio; a dominação dos meios de dominação; o controle dos meios de
- controle: o poder informacional do aparelho.
-
- Vê-se aqui a justeza e o erro de Marx. Marx buscava o que era gerador na
- sociedade, e é com uma retidão admirável que ele priorizou, antropologicamente,
- a noção de ser genérico, e, sociologicamente, a noção de produção. Mas o único
- fundamento que oferecia a física da época era de natureza energética: o
- trabalho; da mesma forma, ele vira na sociedade o poder de classe, não o poder
- do aparelho.
-
- Ora, a teoria do Aparelho genofenomenal da uma Sociedade concebida como
- organização informacional/comunicacional pode apenas renovar e enriquecer o
- problema sociológico da dominação e do poder. Ela nos leva a detectar o
- problema-chave da monopolização da informação. O pode é monopolizado assim que
- um aparelho liga diretamente o poder ao saber (quem reina detém a verdade), o
- bastão de comando ao cetro, o sagrado ao político, e por isso uma casta ou uma
- classe de aparelho monopoliza as formas múltiplas de informação. A exploração e
- a dominação coincidem com a relegação dos explorados e dominados às tarefas
- puramente energéticas de execução, com a sua exclusão da esfera
- generativa/programadora. Eles só têm direito aos sinais informando-os do que
- eles devem fazer, pensar, esperar, sonhar.
-
- -- 418 - 419