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author | Silvio Rhatto <rhatto@riseup.net> | 2017-01-22 19:30:43 -0200 |
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diff --git a/books/filosofia/metodo.mdwn b/books/filosofia/metodo.mdwn index 056ad10..ad6f43e 100644 --- a/books/filosofia/metodo.mdwn +++ b/books/filosofia/metodo.mdwn @@ -163,3 +163,62 @@ Há também uma ligação fundamental entre simplexidade e bem viver. séculos. -- 329 + +## Informacionalização + + Como a informação é cada vez mais captada pelo inimigo, que se tornando cada + vez mais inteligente, como o inimigo extrai de nossos traços marcas, odores, + etc., informações para nos situar, então se desenvolvem conjuntamente a + camuflagem, o engodo, a esperteza e a arte de detectar a camuflagem, o engodo e + a esperteza. A informação se torna agora equívoca e ambivalente: ela adverte e + trai; ela informa eventualmente aquele que não deve informar: o inimigo, o + concorrente. Grande "progresso" na história da vida: a entrada da enganação na + comunicação. De agora em diante, a vitória não pertence mais somente à força e + ao endereço, mas também à esperteza, depois à mentira (homo sapiens). A mentira + humana, ao se sociologizar, ao se ideologizar, desdobra-se, frutifica, triunfa, + já que ela está ornada das virtudes da verdade. Quanto mais o universo for + informacionalizado, mais ele será assim, até que a saturação de mentira e de + hipocrisia desencadeie uma inversão da tendência, como eu quero esperar. + + -- 404 + + Todo o poder de Estado dispõe do poder programador/ordenador sobre a sociedade + (poder de regular, legislar, deretar), do poder estratégico (elaborar e decidir + as políticas a seguir) e do poder de comando/controle. O Estado dito + "totalitário" vai mais longe: ele concentra em si a memória oficial (o poder de + escrever a História do passado e de ditar a história do presente), o controle + de todos os meios de expressão e de comunicação da informação: o monopólio do + saber verídico pelo menos no que diz respeito à sociologia e à política, + eventualmente em matéria de ciência e de artes; o controle direto de todos os + aparelhos econômicos e outros. + + [...] + + A idéia-chave que o poder está na produção deve ser lida e compreendida não no + sentido restrito, economista do termo produção, mas no seu sentido + organizacionista/informacional. Não é o poder sobre os "meios" de produção, é + o poder sobre a produção da produção, ou seja, a generatividade social: não é + apenas a propriedade das coisas, dos bens: o domínio está no domínio dos meios + de domínio; a dominação dos meios de dominação; o controle dos meios de + controle: o poder informacional do aparelho. + + Vê-se aqui a justeza e o erro de Marx. Marx buscava o que era gerador na + sociedade, e é com uma retidão admirável que ele priorizou, antropologicamente, + a noção de ser genérico, e, sociologicamente, a noção de produção. Mas o único + fundamento que oferecia a física da época era de natureza energética: o + trabalho; da mesma forma, ele vira na sociedade o poder de classe, não o poder + do aparelho. + + Ora, a teoria do Aparelho genofenomenal da uma Sociedade concebida como + organização informacional/comunicacional pode apenas renovar e enriquecer o + problema sociológico da dominação e do poder. Ela nos leva a detectar o + problema-chave da monopolização da informação. O pode é monopolizado assim que + um aparelho liga diretamente o poder ao saber (quem reina detém a verdade), o + bastão de comando ao cetro, o sagrado ao político, e por isso uma casta ou uma + classe de aparelho monopoliza as formas múltiplas de informação. A exploração e + a dominação coincidem com a relegação dos explorados e dominados às tarefas + puramente energéticas de execução, com a sua exclusão da esfera + generativa/programadora. Eles só têm direito aos sinais informando-os do que + eles devem fazer, pensar, esperar, sonhar. + + -- 418 - 419 |