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-rw-r--r--organizacao/coletiva/interpretacoes.mdwn157
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diff --git a/organizacao/coletiva/interpretacoes.mdwn b/organizacao/coletiva/interpretacoes.mdwn
index 8c3b353..bff333f 100644
--- a/organizacao/coletiva/interpretacoes.mdwn
+++ b/organizacao/coletiva/interpretacoes.mdwn
@@ -1,13 +1,15 @@
[[!meta title="Interpretações do Protocolo de Ação Coletiva"]]
-= Uma interpretação possível =
+Uma interpretação possível
+--------------------------
* Versão: 0.2.
* Licença: LIMICS[1].
Este documento contém uma interpretação possível do Protocolo de Ação Coletiva[2], que aqui é considerado como um processo possível de existência de um coletivo autônomo tendo como propriedades emergentes a robustez, a resiliência, a resistência a falhas e a adaptabilidade ao redor da otimização de atividades. Este texto considera que a adoção de tal protocolo possa servir a alguns grupos de afinidade desde que ele atenda aos propósitos do grupo (um processo deve ser útil ao grupo, não o contrário).
-== Característica geral ==
+Característica geral
+--------------------
Para grupos pequenos e coesos, a existência apenas de processos formais pode não representar um grande problema. Mas, se o grupo for grande, e/ou dispersivo e/ou com o foco de atuação abrangente, etc, as discussões e as tomadas de decisão podem se tornar muito cansativas e demoradas, além de nem sempre serem produtivas. Fora isso, o temor de não contemplar a todas as pessoas do coletivo pode fazer com que sejam aprovadas propostas que na prática não serão realizadas, mesmo se com a aprovação houver a responsabilidade do coletivo para cumpri-las.
@@ -17,16 +19,15 @@ A características geral do Protocolo de Ação Coletiva consiste na articulaçÃ
O Protocolo de Ação Coletiva também pode ser entendido como uma forma de organização social do trabalho que possui um grande vínculo com a autonomia do grupo.
-== Configuração Organizacional ==
+Configuração Organizacional
+---------------------------
Chamaremos de Coletivo aos fluxos informacionais, energéticos e materiais de um dado grupo de afinidade -- isto é, um grupo de pessoas que nutrem afeto umas pelas outras em relação a determinadas ou indeterminadas atividades -- que operam ao redor de uma dada configuração de autonomia definida pelo próprio grupo de afinidade. Por outro lado, é esta autonomia que define o Coletivo enquanto um grupo de afinidade por esta delinear a sua atuação:
-`
- Coletivo <-------------> Autonomia
- ^ ^
- \ /
- `------> Fluxos <------'
-`
+ Coletivo <-------------> Autonomia
+ ^ ^
+ \ /
+ `------> Fluxos <------'
Tudo o que ocorre no Coletivo é um processo. Os processos assumem diversas manifestações, mas principalmente são fluxos e registros[4]. Todo o processo é um registro e um fluxo. O registro armazena o estado do fluxo, estando acessível para qualquer pessoa do Coletivo. Já o fluxo é a produção do processo e aquilo que efetua a escrita no registro[5].
@@ -42,7 +43,8 @@ A autonomia, por ser uma propriedade de autodeterminação, pressupõe, no caso
Além disso, mesmo atuando dentro do Coletivo, a autonomia pessoal não é suprimida, apenas diminuída: há uma grande margem entre a autonomia da pessoa e a do Coletivo, o que permite que exista, dentro do Coletivo, fluxos que não interfiram na autonomia do Coletivo. Em outras palavras, é possível que exista, dentro do Coletivo, processos sem forma necessariamente definida e que não operem a autonomia do Coletivo, isto é, processos informais.
-== Os Processos Formais ==
+Os Processos Formais
+--------------------
Como dito anteriormente, o Coletivo possui dois tipos essenciais de processos/fluxos no que concerne ao uso da autonomia: os formais e os informais. Se nos informais não há interferência na autonomia do Coletivo, para os formais é preciso não apenas de um processo de tomada de decisão como uma garantia que as decisões tomadas sejam realizadas, do contrário a autonomia não pode ser exercida.
@@ -56,37 +58,37 @@ Em resumo, os processos formais tem as seguintes características:
Uma forma de saber saber se um processo deve ser formal ou informal é perguntar se o mesmo afeta (mexe com, precida da) ou não a automonia do Coletivo.
-=== Fluxograma de tomada de decisões e responsabilização formal ===
+Fluxograma de tomada de decisões e responsabilização formal
+-----------------------------------------------------------
Existem inúmeras maneiras de se estabelecer um procedimento formal. No caso do Protocolo de Ação Coletiva, os processos formais do Coletivo são realizados de acordo com o seguinte diagrama:
-`
- .------------------->-----------------.
- / .----------<--------------<-------. \
- | ' \ \
- | | .------>-----. \ \
- | | | \ \ \
- Proposta -----> Discussão ->--. \ \ \
- | ^ | \ \ \ \
- | | | \ \ \ \
- | `----<-----' | \ \ \
- | | | \ \
- `------>------ Decisão --<--' | \ \
- | | | \ \
- | | | | |
- Atribuição de --<---' '---> Arquivamento --->---' ;
- Responsabilidades ----->-------' ^ \ /
- ^ | ___________/ `---<-----'
- | \ .'
- | `--> Realização -->--.
- | | | \
- | | | /
- `----<-----' `-----<---'
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+ .------------------->-----------------.
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+ Proposta -----> Discussão ->--. \ \ \
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+ `------>------ Decisão --<--' | \ \
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+ Atribuição de --<---' '---> Arquivamento --->---' ;
+ Responsabilidades ----->-------' ^ \ /
+ ^ | ___________/ `---<-----'
+ | \ .'
+ | `--> Realização -->--.
+ | | | \
+ | | | /
+ `----<-----' `-----<---'
Todas as etapas de um processo formal apresentam ao menos uma via de entrada e outra de saída. Não há começo e nem fim, apenas um processo fluído de realização autônoma. Cada etapa é discutida nas sessões a seguir.
-=== Etapa de Proposta ===
+Etapa de Proposta
+-----------------
Esta etapa não é a primeira nem a última, mas foi escolhida como tal nesta explicação apenas para facilitar o entendimento dos processos formais. É na etapa de proposição que a idéia de um procedimento formal é lançado ao Coletivo. A idéia -- ou descrição -- do processo pode vir do Arquivo de propostas, de uma Discussão anterior, de um procedimento informal que se julga importante formalizar ou mesmo de uma pessoa ou grupo de pessoas de dentro ou de fora do Coletivo.
@@ -94,7 +96,8 @@ Recomenda-se que a proposta de processo formal seja bem explicada, contenha uma
Uma vez lançadas, propostas podem ser discutidas, aprovadas ou arquivadas, como veremos a seguir.
-=== Etapa de Discussão ===
+Etapa de Discussão
+------------------
Após a introdução de uma proposta, a discussão não é estritamente necessária, isto é, a Proposta pode seguir diretamente para a Decisão. No entanto, a discussão não deixa de ter importância: ela não só ajuda a arquivar as propostas que não foram adotadas num dado momento como efetuam as alterações desejadas nas propostas antes da tomada de decisão. A discussão é o momento para o refinamento das propostas que as pessoas do Coletivo acharem interessantes.
@@ -102,7 +105,8 @@ Alterações em propostas fazem com que o procedimento formal em questão volte
Propostas que vem de fora do Coletivo e que forem discutidas e alteradas devem ser enviadas também para o grupo ou à pessoa de fora do Coletivo responsável pela sua introdução, apesar destas pessoas não participarem da discussão interna do Coletivo. Se tal pessoa ou grupo concordar com a proposta alterada, então o processo formal em questão retorna à etapa de Discussão com a nova proposta. Caso contrário, isto é, a pessoa ou grupo de fora do Coletivo não concordar com a proposta alterada, então o processo formal em questão é arquivado e a pessoa ou grupo devem ser informados do arquivamento (exceto se as partes externas apresentarem uma nova alteração à proposta ou mais argumentos à discussão).
-=== Etapa de Decisão ===
+Etapa de Decisão
+----------------
Como dito anteriormente, a autonomia, por ser uma propriedade de autodeterminação, pressupõe, no caso de uma associação de pessoas, um processo de tomada de decisões que respeite igualmente a autonomia das pessoas enquanto integrantes do Coletivo. No Protocolo de Ação Coletiva, a etapa de Decisão é o momento no qual o Coletivo decide se determinada proposta é pertinente ou não, isto é, se o Coletivo julga, apóia e concorda com o seu teor ou o contrário.
@@ -116,7 +120,8 @@ Quanto aos prazos, recomenda-se que os mesmos sejam estipulados relativamente ao
Aprovações de propostas que vem de fora do Coletivo ou que tenham como participantes grupos ou pessoas de fora do coletivo são comunicadas às pessoas/grupos de fora do Coletivo apenas após a atribuição de responsabilidades, uma vez que o Coletivo terá responsabilidade sobre a realização de uma proposta a partir do momento que informar o ator/a externo da decisão da proposta.
-=== Etapa de Atribuição de Responsabilidades ===
+Etapa de Atribuição de Responsabilidades
+----------------------------------------
Se a aprovação uma proposta requer a aceitação de todo o Coletivo, a atribuição de responsabilidades, por outro lado, tem um caráter distinto: não é preciso que todo o Coletivo assuma responsabilidades pela execução de uma proposta, mas apenas um determinado número de pessoas do Coletivo é necessário à execução da proposta em questão. A etapa de atribuição de responsabilidades é o momento em que um grupo de trabalho será formado com a responsabilidade pela realização da proposta aprovada.
@@ -144,13 +149,15 @@ A permanência de pessoas no coletivo que não se voluntariam para se responsabi
No caso de propostas que vem de fora do Coletivo ou que tenham como participantes grupos ou pessoas de fora do coletivo são comunicadas às pessoas/grupos de fora do Coletivo sobre seu estado de !Aprovação/Realização apenas após a atribuição de responsabilidade, isto é, ao final desta etapa.
-=== Etapa de Realização ===
+Etapa de Realização
+-------------------
Apenas processos formais cuja responsabilização foi atribuída podem partir para a etapa de realização. Processos que forem realizados e que não tiverem prosseguimento definido são arquivados.
Processos formais que, não tendo sido realizados no prazo comprometido pelo grupo das pessoas que se responsabilizado por ele, devem retornar à etapa de Atribuição de Responsabilidades. De modo análogo, processos em realização mas cujos/as responsáveis não puderem mais realizá-los devem retornar à etapa de Atribuição de Responsabilidades caso o número de pessoas responsáveis remanescentes não for suficiente para a sua realização.
-=== Etapa de Arquivamento ===
+Etapa de Arquivamento
+---------------------
O arquivo, ou banco de propostas, é o local onde ficam armazenadas todas as propostas que:
@@ -163,7 +170,8 @@ Um processo formal é dito em arquivamento quando uma das condições acima for
No caso de propostas que vem de fora do Coletivo ou que tenham como participantes grupos ou pessoas de fora do coletivo são comunicadas às pessoas/grupos de fora do Coletivo sobre seu estado Recusa/Arquivamento apenas nesta etapa.
-=== Observações sobre Processos Formais ===
+Observações sobre Processos Formais
+-----------------------------------
Em resumo, o processo formal necessita que haja proposta, decisão e responsabilização antes da realização de uma atividade.
@@ -181,7 +189,8 @@ Sob o aspecto do registro, cada processo formal pode ser entendido como uma inst
O processo formal é uma maquinação, um processo de desenvolvimento de um software social. Ele não impõe regras sobre o teor das propostas (que inclusive podem propor a mudança ou abolição do fluxograma), mas apenas regras mínimas sobre o próprio andamento do coletivo. No entanto, os próprios princípios de organização coletiva compõem um processo formal cuja responsabilidade é de todo o coletivo. Consequentemente, ele mesmo passa pelos procedimentos de aprovação/execução/responsabilização previstos nele mesmo (bootstrapping e recursividade).
-== Os Processos Informais ==
+Os Processos Informais
+----------------------
Os processos informais do Coletivo são os fluxos que não interferem na sua autonomia. Eles apresentam propriedades notáveis para a emergência de padrões, para a experimentação, para a auto-organização e para o combate à apatia e ao gerenciamento centralizado.
@@ -203,7 +212,8 @@ Cabe ressaltar que processos informais, mesmo não tendo forma previamente defin
Certamente há uma vasta gama (talvez a maior parte) das atividades realizadas que fogem dessa conceituação de processo, isto é, podem até serem processos físicos, mentais, etc, mas pela falta delas figurarem no fluxo de informação do Coletivo elas não podem ser consideradas como processos protocolares no sentido dado pelo Protocolo de Ação Coletiva, mas apenas processos aformais. Para ganhar em termos de organização, o Protocolo de Organização Coletiva restringe a denomiação de processo apenas às atividades que integram o fluxo informacional do Coletivo (processos do Coletivo são aqueles que foram coletivizados).
-== Formalização e informalização ==
+Formalização e informalização
+-----------------------------
Processos formais e informais são diferenciações que nos ajudam a agir conforme a necessidade. Se é preciso voar, experimentar, atuar favorecendo-se com as relações sociais e culturais que são naturais sem interferir na autonomia do Coletivo, os processos informais permitem que se proceda sem regras dadas de antemão. Caso precisemos agir com coesão, com firmeza e favorecendo uma coletividade forte (isto é, usando a autonomia do Coletivo), o Protocolo de Ação Coletiva encoraja o uso de processos formais.
@@ -213,7 +223,8 @@ Modos formais e informais permanecem distintos em princípio mas, com o tempo, t
Se o processo formal de tomada de decisões pode ser entendido como um protocolo que mantém a coesão do coletivo ao redor de sua autonomia (espaço comum, central), os procedimentos informais podem ser entendidos como protocolos distribuídos, maleáveis, que se reordenam durante sua existência com uma flexibilidade maior do que os processos formais. Alguns processos informais podem até ter o caráter experimentalista de descobrir próximas ações que, de tão importantes que podem se tornar, se transformem em processos formais.
-== Fluxo informacional ==
+Fluxo informacional
+-------------------
Estes princípios apenas funcionam se há acesso disponível às informações por todas as pessoas que fazem parte do Coletivo (acesso não significa obrigação por acompanhar todas as informações que trafegam pelo Coletivo, mas sim possibilidade de acompanhamento arbitrário das mesmas). Sendo assim, é importante que existam instâncias de tráfego informacional (instâncias processuais) que facilitem o acompanhamento dos processos coletivos (tanto formais quanto informais) e que satisfaçam requisitos de privacidade e segurança que garantam a autonomia do Coletivo.
@@ -230,7 +241,8 @@ Alem disso, requisições e comunicações ao coletivo (internas ou externas) de
* Manter a informação disponível ao coletivo.
* Incentivar uma interação coletiva.
-== Autonomia do Coletivo ==
+Autonomia do Coletivo
+---------------------
O Protocolo de Ação Coletiva define uma autonomia básica para o Coletivo. A autonomia básica do Coletivo, isto é, a autonomia mínima que garante a sua existência de acordo com estes princípios, é a posse de canais de comunicação privados e seguros que permitam a existência dos registros de processos coletivos (formais ou informais). Sem esses canais, a autonomia básica do Coletivo é seriamente abalada, assim como a aplicação destes princípios. Toda autonomia adicional do Coletivo (isto é, que não for a autonomia básica) deve ser definida através de processos formais.
@@ -240,30 +252,25 @@ O Protocolo de Ação Coletiva reconhece, também, que mesmo um coletivo autôno
Tal visão de autonomia, inclusive, é compatível e satisfaz os seguintes Princípios das mídias e grupos livres do Encontro: Cultura Livre e Capitalismo[6], uma vez que a autonomia do Coletivo emana de si enquanto organização dinâmica:
-`
-0. Sobre a mobilidade dos princípios: Todos os princípios podem ser a qualquer
-momento modificados ou abandonados desde que não sejam mais a expressão
-imanente das relações que se constituem através das ações coletivas.
-`
-
-`
-1. Sobre a autonomia: grupos e mídias livres renunciam e se recusam a recorrer a
-qualquer entidade política que não a si próprias para constituir sua legalidade
-e sua normatividade, por acreditar que a sua única fonte legítima é sua
-emergencia a partir dos laços de confiança e solidarieade entre participantes e
-de cada participante com os coletivos por eles constituídos.
-`
-
-`
-6. Sobre a gestão: As mídias e os grupos livres usam e desenvolvem
-sistematicamente mecanismos de gestão anti-hierárquicos e baseados na geração
-de consensos a partir da argumentação pública; ou seja, rejeitam (ou evitam ao
-máximo), como práticas de organização: a representação política e a votação
-plebiscitária. A divisão funcional é adotada com ponderação, sob avaliação
-coletiva e de maneira ocasional.
-`
-
-== Atividade Coletiva Complexa ==
+ 0. Sobre a mobilidade dos princípios: Todos os princípios podem ser a qualquer
+ momento modificados ou abandonados desde que não sejam mais a expressão
+ imanente das relações que se constituem através das ações coletivas.
+
+ 1. Sobre a autonomia: grupos e mídias livres renunciam e se recusam a recorrer a
+ qualquer entidade política que não a si próprias para constituir sua legalidade
+ e sua normatividade, por acreditar que a sua única fonte legítima é sua
+ emergencia a partir dos laços de confiança e solidarieade entre participantes e
+ de cada participante com os coletivos por eles constituídos.
+
+ 6. Sobre a gestão: As mídias e os grupos livres usam e desenvolvem
+ sistematicamente mecanismos de gestão anti-hierárquicos e baseados na geração
+ de consensos a partir da argumentação pública; ou seja, rejeitam (ou evitam ao
+ máximo), como práticas de organização: a representação política e a votação
+ plebiscitária. A divisão funcional é adotada com ponderação, sob avaliação
+ coletiva e de maneira ocasional.
+
+Atividade Coletiva Complexa
+---------------------------
O Protocolo de Ação Coletiva serve para facilitar as atividades do Coletivo, combatem a apatia e o espetáculo (no sentido das pessoas se portarem como espectadoras, pessoas gerenciadas que permanecem em estado de espera, letárgico e apático), o ruído existente nas instâncias de tomada de decisão, a dificuldade de acompanhamento dos processos no coletivo e a preenchem a necessidade por processos realmente coletivos em andamento (e não apenas as iniciativas pessoais).
@@ -271,7 +278,8 @@ Os processos formais encorajam um trabalho coletivo firme enquanto que os inform
Quanto ao seu funcionamento, uma analogia interessante pode ser feita com um sistema operacional multi-usuário/a, uma vez que o Protocolo de Ação Coletiva utiliza o conceito de processo e permite que muitos processos existam paralelamente, os quais podem serem até organizados em árvores, de acordo com suas semelhanças e/ou dependências.
-== Memética da auto-organização ==
+Memética da auto-organização
+----------------------------
O Protocolo de Ação Coletiva é um fruto da cultura e do choque cultural do grupo de afinidade no qual ele se originou. Quando esses princípios de organização adentram o plano da cultura das pessoas do Coletivo, isto é, são praticados com naturalidade e desenvoltura, então temos uma mudança profunda no modo de agir coletivamente. Tal dinâmica pode se suceder indefinidamente conforme os princípios antigos se tornam obsoletos.
@@ -297,7 +305,8 @@ Por fim, a questão da apatia versus o protagonismo. Tal modelo de relacionament
Quem não tem iniciativa está destinado/a a ser gerenciado/a e governado/a.
-== Limitações ==
+Limitações
+----------
Mesmo que estes princípios sejam úteis e desejáveis para o Coletivo, convém reconhecermos suas limitações. Tais princípios assumem que o Coletivo é um grupo de afinidade e por isso ele pode enfrentar problemas e necessitar modificações se for adotado por grupos onde não haja afinidade, principalmente porque sua capacidade de resolução de disputas e conflitos é limitada. O circuito de um processo formal também pode ser usado para criar loops e os princípios não prevêem em si regras para lidar com o ruído. Talvez eles também precisem de adaptações para funcionarem como desejado em grupos muito grandes, principalmente porque processos que demandem um fluxo de informação muito intenso (por exemplo, propostas grandes) tendem a demandar mais tempo para discussão, decisão, etc.
@@ -347,7 +356,8 @@ Além disso, pode ser conveniente balizar a criação de protocolos levando em c
Ou seja, a iniciativa só deve ser considerada se houver disponibilidade de informação. Até pode acontecer que alguém que não informou que esteja trabalhando na verdade esteja, mas pela inexistência dessa informação não podemos nos arriscar a considerá-lo.
-== A urgência e a emergência da organização ==
+A urgência e a emergência da organização
+----------------------------------------
Um dado "nível" de organização/acumulação permite inclusive tornar situações antes emergenciais em procedimentos bem estabelecidos. Por isso, um grupo que se dedica à sua organização terá um ganho futuro de lidar melhor com situações que hoje são urgentes. Se o grupo apenas se dedicar a apagar o fogo, a resolver emergências/urgências, não terá tempo para mudar e melhorar sua organização. Certamente o mundo apresenta uma série de situações emergenciais. A urgência permeia a existência.
@@ -355,7 +365,8 @@ Não é possível não se omitir em todas as lutas, em todas as frentes, em toda
Por isso, é importante para um grupo dividir bem sua dedicação, seu tempo e seu esforço não apenas para todas as emergências, mas também para a sua organização. Às vezes é preciso dar um basta à resolução de emergências e dedicar um pouco do tempo à organização. Ao se organizar mais, a resolução de algumas emergências podem se tornar tarefas mais fácil.
-== Referências ==
+Referências
+-----------
* [1] Licença de Manipulação de Informações do Grupo Saravá: http://wiki.sarava.org/Main/Licenca
* [2] Protocolo de Ação Coletiva, http://protocolos.sarava.org/trac/wiki/Organizacao