diff options
| -rw-r--r-- | books/filosofia/metodo.mdwn | 59 | 
1 files changed, 59 insertions, 0 deletions
| diff --git a/books/filosofia/metodo.mdwn b/books/filosofia/metodo.mdwn index 056ad10..ad6f43e 100644 --- a/books/filosofia/metodo.mdwn +++ b/books/filosofia/metodo.mdwn @@ -163,3 +163,62 @@ Há também uma ligação fundamental entre simplexidade e bem viver.      séculos.      -- 329 + +## Informacionalização + +    Como a informação é cada vez mais captada pelo inimigo, que se tornando cada +    vez mais inteligente, como o inimigo extrai de nossos traços marcas, odores, +    etc., informações para nos situar, então se desenvolvem conjuntamente a +    camuflagem, o engodo, a esperteza e a arte de detectar a camuflagem, o engodo e +    a esperteza.  A informação se torna agora equívoca e ambivalente: ela adverte e +    trai; ela informa eventualmente aquele que não deve informar: o inimigo, o +    concorrente.  Grande "progresso" na história da vida: a entrada da enganação na +    comunicação.  De agora em diante, a vitória não pertence mais somente à força e +    ao endereço, mas também à esperteza, depois à mentira (homo sapiens). A mentira +    humana, ao se sociologizar, ao se ideologizar, desdobra-se, frutifica, triunfa, +    já que ela está ornada das virtudes da verdade. Quanto mais o universo for +    informacionalizado, mais ele será assim, até que a saturação de mentira e de +    hipocrisia desencadeie uma inversão da tendência, como eu quero esperar. + +    -- 404 + +    Todo o poder de Estado dispõe do poder programador/ordenador sobre a sociedade +    (poder de regular, legislar, deretar), do poder estratégico (elaborar e decidir +    as políticas a seguir) e do poder de comando/controle. O Estado dito +    "totalitário" vai mais longe: ele concentra em si a memória oficial (o poder de +    escrever a História do passado e de ditar a história do presente), o controle +    de todos os meios de expressão e de comunicação da informação: o monopólio do +    saber verídico pelo menos no que diz respeito à sociologia e à política, +    eventualmente em matéria de ciência e de artes; o controle direto de todos os +    aparelhos econômicos e outros. + +    [...] + +    A idéia-chave que o poder está na produção deve ser lida e compreendida não no +    sentido restrito, economista do termo produção, mas no seu sentido +    organizacionista/informacional.  Não é o poder sobre os "meios" de produção, é +    o poder sobre a produção da produção, ou seja, a generatividade social: não é +    apenas a propriedade das coisas, dos bens: o domínio está no domínio dos meios +    de domínio; a dominação dos meios de dominação; o controle dos meios de +    controle: o poder informacional do aparelho. + +    Vê-se aqui a justeza e o erro de Marx. Marx buscava o que era gerador na +    sociedade, e é com uma retidão admirável que ele priorizou, antropologicamente, +    a noção de ser genérico, e, sociologicamente, a noção de produção.  Mas o único +    fundamento que oferecia a física da época era de natureza energética: o +    trabalho; da mesma forma, ele vira na sociedade o poder de classe, não o poder +    do aparelho. + +    Ora, a teoria do Aparelho genofenomenal da uma Sociedade concebida como +    organização informacional/comunicacional pode apenas renovar e enriquecer o +    problema sociológico da dominação e do poder. Ela nos leva a detectar o +    problema-chave da monopolização da informação. O pode é monopolizado assim que +    um aparelho liga diretamente o poder ao saber (quem reina detém a verdade), o +    bastão de comando ao cetro, o sagrado ao político, e por isso uma casta ou uma +    classe de aparelho monopoliza as formas múltiplas de informação. A exploração e +    a dominação coincidem com a relegação dos explorados e dominados às tarefas +    puramente energéticas de execução, com a sua exclusão da esfera +    generativa/programadora. Eles só têm direito aos sinais informando-os do que +    eles devem fazer, pensar, esperar, sonhar. + +    -- 418 - 419 | 
