aboutsummaryrefslogtreecommitdiff
path: root/books
diff options
context:
space:
mode:
authorSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2017-08-03 12:27:57 -0300
committerSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2017-08-03 12:27:57 -0300
commitacc773f7ad3387206a775f05028d9ecedeb35aa8 (patch)
tree98c68a3af528507ff51a0634a877b03f34bfafdc /books
parent811774a11ca679abe9a417a2fcb26d58f5dc6ddc (diff)
downloadblog-acc773f7ad3387206a775f05028d9ecedeb35aa8.tar.gz
blog-acc773f7ad3387206a775f05028d9ecedeb35aa8.tar.bz2
Updates contra o método
Diffstat (limited to 'books')
-rw-r--r--books/filosofia/contra-metodo.mdwn78
1 files changed, 74 insertions, 4 deletions
diff --git a/books/filosofia/contra-metodo.mdwn b/books/filosofia/contra-metodo.mdwn
index 8c11e05..d37e60f 100644
--- a/books/filosofia/contra-metodo.mdwn
+++ b/books/filosofia/contra-metodo.mdwn
@@ -7,10 +7,6 @@
## Geral
-* Conhecimento do conhecimento, 164: descrição dinâmica de uma "seleção científica" envolvendo múltiplos fatores.
-* Cap. 11: importante! Mas também temos que levar em conta que Galileu era Galileu e não um Zé Ninguém, que poderia ser prontamente chamado de lunático.
-* Miséria da ciência, 215.
-* Lakatos, racional criando irracional, 225.
* Viagens distintas: Odisseus e Sólon: descoberta e pesquisa, 252 (nota de rodapé).
* Lógica e ilógica, 259-262, 265.
* Participante/observador, 292.
@@ -18,6 +14,31 @@
* Naturalismo versus idealismo, 299-300.
* Razão versus prática, 301.
+## Conhecimento do conhecimento
+
+* Cap. 11: importante! Mas também temos que levar em conta que Galileu era Galileu e não um Zé Ninguém, que poderia ser prontamente chamado de lunático.
+* Descrição dinâmica de uma "seleção científica" envolvendo múltiplos fatores, por exemplo:
+
+ Em suma: o que é necessário para submeter a teste a concepção de Copérnico é uma
+ visão de mundo inteiramente nova contendo uma nova visão do homem e de suas capacidades
+ de conhecer.
+
+ É óbvio que tal nova visão de mundo levará um longo tempo a aparecer e talvez
+ jamais tenhamos êxito em formulá-la em sua totalidade. É extremamente improvável
+ que a idéia do movimento da Terra seja de modo imediato seguida pelo aparecimento,
+ em pleno esplendor formal, de todas as ciências que, diz-se agora, constituírem
+ o corpo da "física clássica". Ou, para ser um pouco mais realista, tal sequência
+ de eventos não apenas é extremamente improvável, mas é impossível em princípio,
+ dada a natureza dos humanos e das complexidades do mundo que habitam. Hoje
+ Copérnico, amanhã Helmholtz -- isso não passa de um sonho utópico. Contudo,
+ é somente depois que tenham surgido essas ciências que se pode dizer que um
+ teste faz sentido.
+
+ Essa necessidade de esperar e de ignorar grande massa de observações e medições
+ críticas quase nunca é discutida em nossas metodologias.
+
+ -- 164
+
## Regras e princípios
Regular, irregular, regra: 213.
@@ -26,3 +47,52 @@ Regular, irregular, regra: 213.
O defeito pode encontrar-se nelees e não na idéia de que a Terra se move.
-- 177
+
+## Miséria do racionalismo
+
+ A invenção de teorias depende de nossos talentos e de outras circunstâncias fortuitas,
+ como uma vida sexual satisfatória. Contudo, enquanto subsistirem esses talentos,
+ o esquema apresentado é uma explicação correta do desenvolvimento de um conhecimento
+ que satisfaz as regras do racionalismo crítico.
+
+ Ora, a essa altura, pode-se levantar duas questões:
+
+ 1. É desejável viver de acordo com as regras de um racionalismo crítico?
+ 2. É possível ter ambas as coisas, a ciência como a conhecemos e essas regras?
+
+ No que me diz respeito, a primeira questão é bem mais importante que a segunda.
+ De fato, a ciência e as instituições relacionadas desempenham um papel importante
+ em nossa cultura e ocupam o centro de interesse pra muitos filósofos (a maioria
+ dos filósofos é oportunista). Assim, as idéias da escola popperiana foram obtidas
+ generalizando-se soluções para problemas metodológicos e epistemológicos. O racionalismo
+ crítico surgiu da tentativa de entender a revolução einsteniana e foi depois
+ estendido à política e mesmo à vida privada. Tal procedimento talvez satisfaça a
+ um filósofo de escola, que olha a vida através dos óculos de seus próprios problemas
+ técnicos e reconhece ódio, amor, felicidade somente conforme ocorrem nesses problemas.
+ Mas, se considerarmos interesses humanos e, acima de tudo, a questão da liberdade
+ humana (liberdade da fome, do desespero, da tirania de sistemas de pensamento
+ emperrados e não a "liberdade da vontade" acadêmica), então estamos procedento
+ da pior maneira possível.
+
+ Com efeito, não é possível que a ciência tal como atualmente a conhecemos, ou uma
+ "busca pela verdade", no estilo da filosofia tradicional, venha a criar um monstro?
+ Não é possível que uma abordagem objetiva, que desaprova ligações pessoais entre
+ as entidades examinadas, venha a causar danos às pessoas, transformando-as em mecanismos
+ miseráveis, inamistosos e hipócritas, sem charme nem humor?
+
+ -- 215.
+
+## Racional e irracional
+
+ Meu diagnóstico e minhas sugestões coincidem com os de Lakatos - até certo ponto.
+ Lakatos identificou princípios de racionalidade excessivamente rígidos como a fonte
+ de algumas versões de irracionalismo e insistiu conosco para que adotemos padrões novos
+ e mais liberais. Identifiquei padrões de racionalidade excessivamente rígidos, bem
+ como um respeito geral pela "razão", como a fonte de algumas formas de misticismo
+ e irracionalismo, e também insisto na adoção de padrões mais liberais. Porém, ao passo
+ que o grande "respeito pela ciência" que tem Lakatos leva-o a buscar esses padrões
+ nos limites da ciência moderna "dos últimos dois séculos", recomendo colocar a ciência
+ em seu lugar como uma forma de conhecimento interessante, mas de modo algum exclusiva,
+ que tem muitas vantagens mas também muitos inconvenientes.
+
+ -- 225