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authorSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2017-02-24 16:52:40 -0300
committerSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2017-02-24 16:52:40 -0300
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Updates metodo
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-rw-r--r--books/filosofia/metodo.mdwn55
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diff --git a/books/filosofia/metodo.mdwn b/books/filosofia/metodo.mdwn
index eb9d99d..d5e5fa8 100644
--- a/books/filosofia/metodo.mdwn
+++ b/books/filosofia/metodo.mdwn
@@ -314,9 +314,11 @@ poderia atacar a si mesmo.
### Computo ergo sum
+* Computação, "com-puter": examinar, avaliar, estimar supor ("puter") em cojunto, ligando ou confrontando aquilo que está separado, separando ou dissociando aquilo que está ligado ("com") (183).
* Autos: idem e ipse (196).
* Eu: auto-referência subjetiva do ser vivo (190).
* Mim: auto-referência objetiva do ser vivo (190).
+* Vida: auto-computante: computa a si mesma.
O cogito começa a aparece como um anel espiral.
@@ -338,3 +340,56 @@ poderia atacar a si mesmo.
do sujeito consciente.
--- 204, 205
+
+ O computo não "penssa" de modo ideal, isto é, isolável. "Pensa" (computa) de
+ modo organizacional. O computo concerne o "eu sou", não no plano da consciência
+ ou da representação, mas no plano da produção/geração/organização. Não existe
+ certamente constituição de sujeito consciente ao nível da "Escherichia coli".
+ Mas, talvez, constituição do sujeito puro e simples no e pelo "computo".
+
+ -- 207
+
+ Como Piaget indicou, freqüentemente a organização do conhecimento humano
+ constitui um desenvolvimento original da organização biológica e, por
+ conseguinte, "existem funções gerais comuns aos mecanismos orgânicos e
+ cognitivos" (Piaget, 1967, p. 206). Neste sentido, "o funcionamento cerebral
+ exprime ou prolonga formas muito gerais e não particulares de organização
+ (biológica)" (Piaget, 1967, p. 545). Podemos pois dizer que, "numa certa
+ profundidade, a organização vital e a organização mental constituem apenas uma
+ única e mesma coissa" (Piaget, 1968, p. 467). Podemos portanto ir ainda mais
+ longe e considerar que todo o ato de organização viva comporta uma dimensão
+ cognitiva.
+
+ [...]
+
+ Assinalar um fenômeno de conhecimento no ser celular aparece decerto como uma
+ verdadeira projeção retrospectiva do indiferenciado. Mas esta projeção pode
+ justificar sua necessidade: seria absurdo negar a atividade cognitiva num ser
+ que apresenta suas condições (aparelho computante) e os seus resultados
+ (distinção do si/não-si, extração de informações do universo exterior, etc.). A
+ idéia de que a auto-organização viva comporta uma dimensão cognitiva dá sentido
+ e coerência ao conjunto dos dados relativos à organização celular. Mas, ao
+ mesmo tempo, traz um aparente não-sentido à idéia de conhecimento, uma vez que
+ trata de um conhecimento que não se conhece a si mesmo. Schelling dizia: "A
+ vida é um saber que ignora a si mesmo...".
+
+ -- 207, 208
+
+ A partir daí, o paradoxo do conhecimento que não se conhece agrava-se: como
+ pode haver autoconhecimento para um conhecimento que não se conhece?
+
+ [...]
+
+ Estaríamos inteiramente desarmados diante do problema do autoconhecimento se
+ não tivéssemos já reconhecido a auto-referência no âmago de todos os processos
+ celulares e de informação (portanto de autoinformação), de comunicação
+ (portanto de autocomunicação), de computação (portanto de autocomputação).
+ Significa, ao mesmo tempo, que o circuito auto-referente de si a si faz
+ regressar o computado ao computador; sendo o computado também o computador, o
+ computado-computador regressa à computação do computador. Trata-se de um
+ circuito autocognitivo no qual o computador está apto não só para computar-se
+ na parte por intermédio do todo, no todo por intermédio das partes, mas também
+ para objetivar-se como computado (si, mim) e ressubjetivar-se como computador
+ (eu).
+
+ -- 209