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authorSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2016-11-26 10:50:48 -0200
committerSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2016-11-26 10:50:48 -0200
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+++ /dev/null
@@ -1,168 +0,0 @@
-[[!meta title="A Arte de Viver para Novas Gerações"]]
-
-Sobre
------
-
-A Arte de Viver para Novas Gerações, Raoul Vaneigem.
-
-Versões
--------
-
-* http://library.nothingness.org/articles/SI/en/pub_contents/5
-* http://arikel.free.fr/aides/vaneigem/
-
-Trechos
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- The path toward simplicity is the most complex of all, and here in particular
- it seemed best not to tear away from the commonplace the tangle of roots which
- enable us to transplant it into another region, where we can cultivate it to
- our own profit.
-
- -- http://library.nothingness.org/articles/SI/en/display/34
-
- O bom comportamento do prisioneiro depende da esperança de fugir que a prisão
- alimenta. Por outro lado, impelido contra uma parede sem saída, um homem apenas
- conhece a raiva de destruí-la ou de quebrar nela a cabeça, o que não deixa de
- ser lamentável para uma boa organização social (mesmo se o suicida não tiver a
- feliz idéia de se matar no estilo dos príncipes orientais, levando com ele
- todos os seus servos: juízes, bispos, generais,
- policiais, psiquiatras, filósofos, managers, especialistas e cibernéticos).
-
- -- 36
-
- Assim que o líder do jogo se torna um chefe, o princípio hierárquico se salva, e a revolução
- se detém para presidir o massacre dos revolucionários. É preciso lembrar sempre: o projeto
- insurrecional só pertence às massas, o líder reforça-o, o chefe o trai. É entre o líder e o
- chefe que inicialmente se desenrola a luta autêntica.
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- -- 37
-
- Resumindo, a descompressão nada mais é do que o controle dos antagonismos pelo poder.
- A oposição de dois termos toma sentido pela introdução de um terceiro. Se só existem dois
- pólos, eles se neutralizam, uma vez que cada um se define pelos valores do outro. É
- impossível escolher entre eles, entra-se no domínio da tolerância e do relativismo, tão
- querido à burguesia. Como é compreensível o interesse da hierarquia apostólica romana na
- querela entre o maniqueísmo e o trinitarismo!
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- -- 38
-
- O poder aquisitivo é a licença de aquisição do poder. O velho proletariado vendia a força
- de trabalho para subsistir; o seu escasso tempo livre era gasto mais ou menos de maneira
- agradável em discussões, conversas, nos bares, fazendo amor, caminhando em festas e
- motins. O novo proletariado vende a força de trabalho para consumir. Quando não
- busca no trabalho forçado uma promoção hierárquica, o trabalhador é convidado a comprar
- objetos (carro,gravata,cultura...) que lhe atribuirão o seu lugar na escala social. Esta é a era
- em que a ideologia do consumo se torna o consumo da ideologia. A expansão cultural leste-
- oeste não é um acidente. De um lado, o homo consumidor compra um litro de uísque e
- recebe como prêmio a mentira que o acompanha. Do outro, o homem comunista compra
- ideologia e recebe como prêmio um litro de vodca. Paradoxalmente, os regimes soviéticos e
- capitalistas seguem um caminho comum, os primeiros graças à sua economia de produção,
- os segundos pela sua economia de consumo.
-
- -- 46
-
- Com as diferenças crescendo em número e se tornando menores, a distância
- entre ricos e pobres diminui de fato, e a humanidade é nivelada, com as
- variações de pobreza sendo as únicas variações. O ponto culminante seria a
- sociedade cibernética composta de especialistas hierarquizados segundo a sua
- aptidão de consumir e de fazer consumir as doses de poder necessárias ao
- funcionamento de uma gigantesca máquina social da qual eles seriam ao mesmo
- tempo a entrada e a saída de dados. Uma sociedade de exploradores-explorados
- onde alguns escravos são mais iguais do que outros.
-
- -- 47
-
- A história é a transformação contínua da alienação natural em alienação social,
- e também, paradoxalmente, o contínuo reforço de um movimento de contestação que
- irá dissolvê-la, “desalienando-a”. A luta histórica contra a alienação natural
- transforma a alienação natural em alienaçao social, mas o movimento de
- desalienação histórica atinge por sua vez a alienação social e denuncia a sua
- magia fundamental.
-
- [...]
-
- O apodrecimento das relações humanas pela troca e pela contrapartida está
- evidentemente ligado à existência da burguesia. Que a troca persista em uma
- parte do mundo em que se diz que a sociedade sem classes se realizou atesta que
- a sombra da burguesia continua reinar debaixo da bandeira vermelha. Enquanto
- isso, entre as pessoas que vivem nos países industrializados, o prazer de dar
- delimita muito claramente a fronteira entre o mundo do cálculo e o mundo da
- exuberância, da festa.
-
- -- 49
-
- Dom, troca, contrapartida e doação.
-
- -- 49
-
- Técnica.
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- -- 50
-
- Desse ponto de vista, a história não passa da transformação da alienação
- natural em alienação social: um processo de desalienação transformado em um
- processo de alienação social, um movimento de libertação que produza novos
- grilhões. Embora, no final, a vontade de emancipação humana ataque diretamente
- o conjunto dos mecanismos paralisantes, ou seja, a organização social baseada
- na apropriação privada. Esse é o movimento de desalienação que vai desfazer a
- história e realizá-la em novos modos de vida.
-
- A ascensão da burguesia ao poder anuncia a vitória do homem sobre as forças
- naturais. Mas, na mesma hora, a organização social hierárquica, nascida da
- necessidade de luta contra a fome, a doença, o desconforto etc., perde sua
- justificativa e é obrigada a endossar a responsabilidade pelo mal-estar nas
- civilizações industriais. Hoje os homens já não atribuem a sua miséria à
- hostilidade da natureza, mas sim , à tirania de uma forma social totalmente
- inadequada, totalmente anacrônica. Destruindo o poder mágico dos senhores
- feudais, a burguesia condenou a magia do poder hierárquico. O proletariado
- executará a sentença.
-
- -- 50
-
- O princípio hierárquico é o princípio mágico que resitiu à emancipação dos homens e as
- suas lutas históricas pela liberdade. De agora em diante nenhuma revolução será digna
- desse nome se não implicar pelo menos a eliminação radical de toda hierarquia.
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- -- 51
-
- Rigidamente quantificado (pelo dinheiro e depois pela quantidade de poder, por aquilo a
- que poderíamos chamar “unidades sociométricas de poder”), a troca polui todas as relações
- humanas, todos os sentimentos, todos os pensamentos. Onde quer que a troca domine, só
- sobram coisas, um mundo de homens-objetos congelados nos organogramas do poder
- cibernético: o mundo da reificação. Mas é também, paradoxalmente, a oportunidade de uma
- reestruturação radical dos nossos modelos de vida e de pensamento. Um ponto zero em que
- tudo pode verdadeiramente começar.
-
- [...]
-
- Ao sacrifício do senhor sucede o último estágio do sacrifício, o sacrifício do especialista.
- Para consumir, o especialista faz outros consumirem de acordo com um programa
- cibernético no qual a hiper-racionalidade das trocas suprimirá o sacrifício – e o homem ao
- mesmo tempo! Se a troca pura regular um dia as modalidades de existência dos cidadãos-
- robôs da democracia cibernética, o sacrifício deixará de existir. Para obedecer, os objetos
- não têm necessidade de justificativa. O sacrifício não faz parte do programa das máquinas
- assim como do seu oposto, o projeto do homem total.
- O desmoronamento dos valores humanos sob a influência dos mecanismos de troca arrasta
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- -- 52
-
- Contrariamente aos interesses daqueles que controlam seu uso, a técnica tende a
- desmistificar o mundo.
-
- [...]
-
- As mediações alienadas enfraquecem o homem ao tornarem-se indispensáveis. Uma
- máscara social cobre os seres e objetos. No estado atual de apropriação primitiva, essa
- máscara transforma aquilo que ela cobre em coisas mortas, em mercadorias. Não existe
- mais natureza. Reencontrar a natureza é reinventá-la como adversário vantajoso
- construindo novas relações sociais. A excrescência do equipamento material arrebenta o
- casulo da velha sociedade hierárquica.
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- -- 55
-
- O quantitativo e o linear confundem-se. O qualitativo é plurivalente, o quantitativo,
- unívoco. A vida quantificada se torna uma linha uniforme que é seguida em direção à
- morte.
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- -- 61