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author | Silvio Rhatto <rhatto@riseup.net> | 2017-09-17 12:22:12 -0300 |
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diff --git a/economics.mdwn b/economics.mdwn index 477aa4a..fa31639 100644 --- a/economics.mdwn +++ b/economics.mdwn @@ -1,6 +1,5 @@ [[!meta title="A ajuda múltipla e o valor social"]] -* Silvio Rhatto (rhatto em riseup.net). * [Versão original](valor-social.pdf) ([fonte](economics/valor-social.tex)). Procurando resolver um problema prático, este texto sistematiza uma @@ -27,42 +26,42 @@ O acordo de ajuda múltipla Para fomentar o aumento da ajuda entre as pessoas, criaremos o conceito de *ajuda múltipla* e proporemos um pequeno acordo padrão para o seu estabelecimento. Pois bem: *ajuda múltipla é a forma de colaboração onde -uma ou mais pessoas (grupo A) auxiliam outras (grupo B) com a condição +uma ou mais pessoas -- grupo A -- auxiliam outras -- grupo B -- com a condição de que estas últimas efetuem ajuda múltipla auxiliando outras pessoas -(grupo C).* Atente para o fato de que definição é *recursiva* (isto é, a +-- grupo C.* Atente para o fato de que definição é *recursiva* (isto é, a definição necessita de sua própria definição): uma ajuda múltipla seria, por exemplo, Maria ajudar Lopes com a condição de que este ajude alguém no futuro. Note que o grupo C pode ser composto pelas mesmas pessoas do grupo A, mas não necessariamente: Lopes deve ajudar alguém, mas não -necessariamente Maria[^1]. +necessariamente Maria[1]. Viralidade (ou potência) do acordo ---------------------------------- Estamos interessados/as na possibilidade da multiplicação da ajuda e, para tanto, devemos melhorar nossa definição de ajuda múltipla: ajuda -múltipla é a forma de colaboração onde uma ou mais pessoas (grupo A) -auxiliam outras (grupo B) com a condição de que estas últimas efetuem -*pelo menos $v$ ajudas múltiplas* (onde $v$ é um número inteiro -positivo) auxiliando outras pessoas (grupo C, D, E, etc) com a condição +múltipla é a forma de colaboração onde uma ou mais pessoas -- grupo A -- +auxiliam outras -- grupo B -- com a condição de que estas últimas efetuem +*pelo menos _v_ ajudas múltiplas* (onde _v_ é um número inteiro +positivo) auxiliando outras pessoas -- grupo C, D, E, etc -- com a condição de que as próximas pessoas também pratiquem ajuda múltipla e assim por diante. Nesta segunda definição, introduzimos o que chamaremos de *viralidade:* -não apenas a pessoa ajudada precisa participar de pelo menos mais $v$ -acordos de ajuda como as pessoas ajudadas por esses próximos $v$ acordos +não apenas a pessoa ajudada precisa participar de pelo menos mais _v_ +acordos de ajuda como as pessoas ajudadas por esses próximos _v_ acordos precisam, após serem ajudadas, participarem como ajudantes em pelo menos -mais $v$ acordos[^2]. +mais _v_ acordos[2]. A idéia principal da viralidade é que ela representa o custo social de uma ajuda: se recebo uma ajuda, devo retribuir não exatamente a quem me ajuda mas a todo o grupo social, participando como ajudante em pelo -menos $v$ outros acordos. +menos _v_ outros acordos. Por isso, os acordos não devem ser entendidos como moedas de troca: a moeda abstrai e aliena as relações sociais – já que pode ser trocada – enquanto que o acordo reforça e encoraja relações sociais. A moeda -conserva valor (uma vez que ela é criada, basta que circule)[^3]. Os +conserva valor (uma vez que ela é criada, basta que circule)[3]. Os acordos, ao contrário, geram valor o tempo todo por causa de sua viralidade. Eles criam valor social sem precisarem ser trocados, já que eles se reproduzem. Assim, devem ser entendidos mais na lógica da dádiva @@ -116,15 +115,14 @@ O valor social Como se comportaria um grupo social onde tal prática de acordos se iniciasse ou fosse já endêmica? Para nos auxiliar nesta e noutras perguntas, podemos recorrer a um mínimo de sistematização. Considerando -um grupo social de $m$ pessoas, podemos definir a função *valor social* +um grupo social de _m_ pessoas, podemos definir a função *valor social* como sendo -$$\label{eq:valor_draft} -S = \displaystyle\sum_{p=1}^{m}\frac{\left(p\ n_p\right)^{v}}{mr}$$ +[[!teximg code="S = \displaystyle\sum_{p=1}^{m}\frac{\left(p\ n_p\right)^{v}}{mr}"]] -onde $n_p$ é a quantidade de acordos existentes envolvendo $p$ -pessoas[^4], cada acordo com viralidade[^5] $v$ e $r < m$ é o número de -pessoas que *poderiam*[^6] ter efetuado acordos mas que ficaram de fora +onde [[!teximg code="n_p"]] é a quantidade de acordos existentes envolvendo _p_ +pessoas[4], cada acordo com viralidade[5] _v_ e _r < m_ é o número de +pessoas que *poderiam* [6] ter efetuado acordos mas que ficaram de fora (isto é, não fizeram acordo nenhum). O valor social assim definido exibe uma série de propriedades interessantes sob o ponto de vista das interações sociais, que pode ser revelado pela simples análise das @@ -139,16 +137,16 @@ múltiplas partes possui maior ação coletiva (maior participação coletiva, maior coletividade) do que uma sociedade com acordos entre apenas poucas partes. -Já a quantidade $m$ de pessoas do grupo e o total $r$ de pessoas que não +Já a quantidade _m_ de pessoas do grupo e o total _r_ de pessoas que não participaram de nenhum tipo de acordo contribuem na diminuição do valor -social: se poucas pessoas (em relação ao total $m$) fazem acordo, temos -uma sociedade com pouca ajuda múltipla e, portanto, para que $S$ atinja -valores significativos, é preciso que $m$ se torne quantitativamente -menor em relação aos valores dos componentes $\left(p\ n_p\right)^{v}$. -O mesmo vale para $r$: os componentes devem ser mais significativos do +social: se poucas pessoas (em relação ao total _m_) fazem acordo, temos +uma sociedade com pouca ajuda múltipla e, portanto, para que _S_ atinja +valores significativos, é preciso que _m_ se torne quantitativamente +menor em relação aos valores dos componentes [[!textimg code="\left(p\ n_p\right)^{v}"]]. +O mesmo vale para _r_: os componentes devem ser mais significativos do que a quantidade de pessoas que poderiam estar em acordos mas que -ficaram de fora, ou seja, $S$ leva em conta a inclusão ou exclusão -social da ação coletiva[^7]. +ficaram de fora, ou seja, _S_ leva em conta a inclusão ou exclusão +social da ação coletiva[7]. Por fim, a viralidade potencializa a multiplicação de acordos: quanto maior for a viralidade, maior é o valor dos acordos, pois cada acordo é @@ -167,46 +165,44 @@ sistemas dinâmicos. Por simplificação, podemos reescrever a equação anterior como -$$\label{eq:simples} -S = k\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}$$ +[[!teximg code="S = k\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}"]] -onde $k = \frac{1}{mr}$. É claro que o valor de $k$ pode mudar num dado -grupo social – por exemplo: mais pessoas ingressando ou saindo do grupo -ou então com um aumento ou diminuição de protagonistas de acordos – mas -podemos considerá-lo como constante num dado momemto, ou seja, -$k = k(t)$ e independente de outras variáveis. +onde [[!teximg code="k = \frac{1}{mr}"]]. É claro que o valor de _k_ +pode mudar num dado grupo social – por exemplo: mais pessoas ingressando +ou saindo do grupo ou então com um aumento ou diminuição de protagonistas +de acordos – mas podemos considerá-lo como constante num dado momemto, ou seja, +[[!teximg code="k = k(t)"]] e independente de outras variáveis. O que realmente nos interessa agora, no entanto, é que chega um momento em que o grupo social está com tantos acordos que, da forma como -definimos na equação [eq:simples], $S$ começa a crescer absurdamente e +definimos na equação [eq:simples], _S_ começa a crescer absurdamente e já não passa a representar o valor efetivo de um corpo social onde a ajuda múltipla se faz presente. Em outras palavras: chega um momento em que as pessoas já estão tão endividadas de acordos a cumprir que mais dívidas não afetarão consideravelmente no seu comportamento de ajuda -múltipla. Para refrear o crescimento indiscriminado de $S$, +múltipla. Para refrear o crescimento indiscriminado de _S_, redefiniremos nossa função como -$$\label{eq:valor} -S = k\ ln\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}$$ +[[!teximg code="S = k\ ln\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}"]] -onde $ln$ cumpre um amortecimento no crescimento da somatória, mostrando +onde _ln_ cumpre um amortecimento no crescimento da somatória, mostrando que o valor efetivo do grupo cresce logaritmicamente: temos um rápido crescimento do valor conforme os acordos se iniciam e se multiplicam e, conforme o endividamento social cresce, a sociedade atinge patamares de valor altos demais para que um maior acréscimo se torne significativo. -Temos que, pela própria definição, $S$ é uma função de estado, uma vez +Temos que, pela própria definição, _S_ é uma função de estado, uma vez que, definido um grupo social e suas interações a partir das variáveis -$n$, $m$, $v$, $r$, etc, temos que $S$ é um indicativo do estado do +_n_, _m_, _v_, _r_, etc, temos que _S_ é um indicativo do estado do sistema – indicando, por exemplo, se ele possui mais ou menos acordos (e qual a potência e alcance dos acordos) do que outro grupo social igualmente caracterizado. Além disso, obedece a -$$\frac{dS}{dt} \geq 0$$ +[[!teximg code="\frac{dS}{dt} \geq 0"]] -Portanto, chamaremos nossa última definição de $S$ (equação [eq:valor]) +Portanto, chamaremos nossa última definição de _S_ (equação [eq:valor]) como *entropia econômica do grupo social*. Tal entropia mede, -inicialmente, *o grau de endividamento do corpo social*. O endividamento +inicialmente, *o grau de endividamento do corpo social.* O endividamento é então a única forma de acúmulo possível: uma vez que alguém ajuda outrem, não é essa pessoa que detém um crédito: muito pelo contrário, as pessoas ajudadas contraem uma dívida com todo o corpo social, já que os @@ -217,10 +213,10 @@ A entropia tem sido fonte de controversias e mal-entendidos quanto à sua interpretação. Pela nossa definição, temos que uma entropia maior se deve exclusivamente a um aumento da complexidade do sistema social, complexidade que medimos utilizando um conjunto de variáveis que -consideramos como características do sistema[^8] que de algum modo +consideramos como características do sistema[8] que de algum modo representam o seu estado. Aqui, utilizamos número de acordos, viralidade dos acordos, etc, o que caracteriza uma abordagem de *granulação -grosseira*, ou seja, de baixa resolução. Um cálculo de valor com maior +grosseira,* ou seja, de baixa resolução. Um cálculo de valor com maior resolução deveria levar em consideração, por exemplo, os acordos separadamente ao invés de agrupá-los por partes envolvidas. @@ -235,37 +231,37 @@ tem um aumento indesejável, aqui se torna o comportamento almejado. Sendo os acordos diretos, isto é, não mediados, temos ainda mais descontrole: é importantíssimo que tais acordos não sejam mediados por bancos de dados. Por banco de dados entendemos qualquer iniciativa de -tentar *efetivamente* calcular $S$ para um dado grupo social (e não o +tentar *efetivamente* calcular _S_ para um dado grupo social (e não o registro pessoal que cada indivíduo mantiver a respeitodos acordos que participou). A mera existência de um banco de dados centralizado capaz de calcular a cada instante o valor social tem os seguintes riscos: -- Dá margens para o estabelecimento de controles sociais com a - identificação das pessoas mais protagonistas (que participam de mais - acordos), das pessoas mais prestativas (as que mais ajudam), as que - mais são ajudadas e as que menos contribuem com ações coletivas, - possibilitando assim represálias, etc. +- Dá margens para o estabelecimento de controles sociais com a + identificação das pessoas mais protagonistas (que participam de mais + acordos), das pessoas mais prestativas (as que mais ajudam), as que + mais são ajudadas e as que menos contribuem com ações coletivas, + possibilitando assim represálias, etc. -- Se, por um lado, o banco de dados “facilita” a busca de pessoas que - querem ajuda e que podem ajudar, por outro diminuem a necessidade - das pessoas de travarem contato pessoal para iniciarem seus acordos, - já que o banco de dados detecta e aproxima as pessoas - automaticamente. +- Se, por um lado, o banco de dados “facilita” a busca de pessoas que + querem ajuda e que podem ajudar, por outro diminuem a necessidade + das pessoas de travarem contato pessoal para iniciarem seus acordos, + já que o banco de dados detecta e aproxima as pessoas + automaticamente. -- Acredita-se que seja de interesse do grupo social que a prática da - ajuda múltipla faça parte da sua cultura e não uma dependência do - banco de dados (o que seria um culto ao banco de dados). +- Acredita-se que seja de interesse do grupo social que a prática da + ajuda múltipla faça parte da sua cultura e não uma dependência do + banco de dados (o que seria um culto ao banco de dados). É com esse sentido de oposição aos bancos de dados que estabelecemos o conceito de valor social: não nos interessa calcular efetivamente o -valor de $S$ para um dado grupo social e muito menos caracterizar cada +valor de _S_ para um dado grupo social e muito menos caracterizar cada grupo em função desses parâmetros, o que além de policialesco não representa o real valor social do grupo (afinal, nem discutimos as diferenças qualitativas de cada acordo). Queremos, ao contrário, mostrar *como se comporta* um grupo social adepto de acordos virais de ajuda múltipla. Podemos resumir isso com a seguinte expressão: *criamos um cálculo para auxiliar na compreensão o valor social mas jamais queremos -que ele seja usado para quaintificá-lo*, mesmo porque muitos valores +que ele seja usado para quaintificá-lo,* mesmo porque muitos valores escapam da fórmula que estabelecemos. Não necessitamos de um banco porque, na ajuda múltipla, o sistema bancário já emerge do próprio tecido social. @@ -278,7 +274,7 @@ acordos aqui sugeridas. Num primeiro momento, podemos vislumbrar que, no limite desta teoria, o endividamento excessivo devido a acordos deve produzir uma prática social indistinguível de uma economia de dádivas onde não há expectativa de retribuição direta ou o uso da dádiva como -demonstração de poder[^9]. No caso da pedagogia também podemos +demonstração de poder[9]. No caso da pedagogia também podemos vislumbrar um ótimo uso da ajuda múltipla: pessoas que aprenderam algo podem ensinar para outras, multiplicando o conhecimento ao invés de sempre recorrerem aos luminares do saber. @@ -294,78 +290,50 @@ fora do mercado para que pensem conjuntamente no que aqui foi meramente delineado. A experimentação também é encorajada: sem ela, toda esta de discussão não passa de uma teoria descolada dos grupos sociais. -Distribuição deste texto -======================== - -Este texto é manipulável segundo a *Licença de Manipulação de -Informações do Coletivo Saravá*, disponível também em -*http://www.sarava.org/copyleft* e que atribui ao detentor/a da -informação as seguintes liberdades: - -1. A liberdade de armazenar a informação. - -2. A liberdade de manipular a informação. - -3. A liberdade de distribuir a informação, modificada ou não. - -Com as seguintes observações: - -1. Desde que esta licença acompanhe a informação. - -2. Desde que para fins não-comerciais. - -3. Desde que a fonte seja citada. - -4. Caso o conteúdo seja distribuído por você, o Coletivo Saravá deve - ser notificado antecipadamente (sarava em lists.riseup.net). - -5. Caso ocorra uma modificação, distribuir a informação modificada e - notificar antecipadamente o Coletivo Saravá. - -6. O Coletivo Saravá pode a qualquer momento revogar o licenciamento da - informação para uma determinada pessoa ou entidade. - -[^1]: Notar que esta definição de ajuda múltipla não é necessariamente - equivalente à de ajuda mútua utilizada em muitos estudos sobre - economia da dádiva: em alguns deles, a ajuda mútua ocorre quando - cada uma das partes envolvidas no acordo deve se ajudar - reciprocamente, enquanto que na ajuda múltipla isso não é - necessário. Não pretendemos neste texto sugerir a suposta - superioridade do conceito de ajuda múltipla sobre a ajuda mútua. - Muito pelo contrário: na falta de um devido estudo sobre a - literatura existente, preferimos utilizar um termo distinto da ajuda - ou apoio mútuo (mas que eventualmente possa ter o mesmo - significado). - -[^2]: É claro que o valores de $v$ podem ser estipulados em cada acordo. - -[^3]: Por *conservar valor* não queremos dizer que a moeda não sofre - valorização e desvalorização, mas sim que a moeda “congela” - trabalho. - -[^4]: Começamos nossa somatória com $p = 1$ pois, apesar de ser um caso - em princípio bizarro (uma pessoa fazendo acordo consigo mesmo), não - deixa de ser uma possibilidade: posso, por exemplo, fazer um acordo - comigo mesmo e, caso o cumpra, ajudarei mais pessoas, sendo caso - clássico disso é a solidariedade de ex-viciados, por exemplo. Outro - argumento para manter $p = 1$ é a simplicidade. - -[^5]: Poderíamos, é claro, supor um sistema onde cada acordo tivesse uma - viralidade $v$ própria, mas a complexidade do cálculo seria - desnecessária para esta primeira exposição do assunto. - -[^6]: Que fique claro: $r$ não inclui pessoas que não podem ajudar, mas - apenas as que podem mas que ficaram de fora dos acordos. - -[^7]: Alternativamente, poderíamos definir o divisor como $m^r$ ao invés - de $mr$, o que faria com que $S$ fosse muito mais sensível à - inclusão ou exclusão social. Optamos, no entanto, por uma abordagem - em que $m$ e $r$ contribuem com igual teor. - -[^8]: Num sistema mais próximo da realidade teríamos trocentas outras - variáveis. - -[^9]: O uso da dádiva como demonstração de poder seria, por exemplo uma - pessoa com mais recursos dar um presente a outra com menos recursos - de forma que seja causado um vínculo de relação seja paternalista, - humilhante, etc. +Referências +=========== + +1. Notar que esta definição de ajuda múltipla não é necessariamente + equivalente à de ajuda mútua utilizada em muitos estudos sobre + economia da dádiva: em alguns deles, a ajuda mútua ocorre quando + cada uma das partes envolvidas no acordo deve se ajudar + reciprocamente, enquanto que na ajuda múltipla isso não é + necessário. Não pretendemos neste texto sugerir a suposta + superioridade do conceito de ajuda múltipla sobre a ajuda mútua. + Muito pelo contrário: na falta de um devido estudo sobre a + literatura existente, preferimos utilizar um termo distinto da ajuda + ou apoio mútuo (mas que eventualmente possa ter o mesmo + significado). + +2. É claro que o valores de _v_ podem ser estipulados em cada acordo. + +3. Por *conservar valor* não queremos dizer que a moeda não sofre + valorização e desvalorização, mas sim que a moeda “congela” + trabalho. + +4. Começamos nossa somatória com _p = 1_ pois, apesar de ser um caso + em princípio bizarro (uma pessoa fazendo acordo consigo mesmo), não + deixa de ser uma possibilidade: posso, por exemplo, fazer um acordo + comigo mesmo e, caso o cumpra, ajudarei mais pessoas, sendo caso + clássico disso é a solidariedade de ex-viciados, por exemplo. Outro + argumento para manter _p = 1_ é a simplicidade. + +5. Poderíamos, é claro, supor um sistema onde cada acordo tivesse uma + viralidade _v_ própria, mas a complexidade do cálculo seria + desnecessária para esta primeira exposição do assunto. + +6. Que fique claro: _r_ não inclui pessoas que não podem ajudar, mas + apenas as que podem mas que ficaram de fora dos acordos. + +7. Alternativamente, poderíamos definir o divisor como _m^r_ ao invés + de _mr_, o que faria com que _S_ fosse muito mais sensível à + inclusão ou exclusão social. Optamos, no entanto, por uma abordagem + em que _m_ e _r_ contribuem com igual teor. + +8. Num sistema mais próximo da realidade teríamos trocentas outras + variáveis. + +9. O uso da dádiva como demonstração de poder seria, por exemplo uma + pessoa com mais recursos dar um presente a outra com menos recursos + de forma que seja causado um vínculo de relação seja paternalista, + humilhante, etc. diff --git a/ikiwiki.yaml b/ikiwiki.yaml index 94a2be9..db85d24 100644 --- a/ikiwiki.yaml +++ b/ikiwiki.yaml @@ -42,6 +42,7 @@ rcs: git add_plugins: - goodstuff - sidebar +- teximg # plugins to disable disable_plugins: - openid |