[[!meta title="Serasa e privacidade"]] Repeteco de 2007 ================ [Governo prepara lista de 3 milhões de devedores de impostos para enviar à Serasa](http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u330965.shtml): É importante lembrar que a CPI da Serasa surgiu exatamente devido a um convênio desse tipo, mas ela foi manobrada e deu em pizza, abrindo caminho pra esse tipo de prática se tornar cada vez mais comum e normal. Não sei qual foi a reação dos jornais da época da CPI, mas como podemos ver agora isso é encarado com muita normalidade pela mídia. A Comissão Parlamentar de Inquérito =================================== Sobre Relatório Final da CPI do Serasa, que rolou em 2003 e apurou uma série de acusações contra esse serviço de proteção ao crédito. Abrange um grande banco de dados sobre informações pessoais e financeiras. Os documentos e o relatório final da CPI estão [aqui](http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/parlamentar-de-inquerito/52-legislatura/cpiserasa). A seguir, alguns trechos selecionados sobre a atividade da empresa contidos no relatório final: - A Serasa S.A. é uma sociedade anônima de capital fechado, controlada por instituições financeiras, com um capital social de R$123.200.000,00 [acionistas da empresa compreendem quase todos os grandes bancos brasileiros]. - Com um abragente banco de dados sobre pessoas, empresas e grupos econômicos, a Serasa interfere de modo significativo no respaldo às decisões de crédito e de negócios tomadas em todo o País. - Segundo dados da própria empresa, atualmente a Serasa responde por 60% do mercado de proteção de crédito, possuindo mais de 300 mil empresas conveniadas e interferindo direta ou indiretamente em mais 2,5 milhões de negócios por dia. Realiza um volume de 830,0 milhões de eventos por ano no banco de dados. - A Serasa mantém à disposição de quaisquer interessados ­ para contratação direta ou por intermédio de convênios com as entidades representativas do comércio local ­ um abrangente banco de dados sobre cheques roubados, extraviados, sustados ou cancelados, e também com anotações fornecidas diretamente pelos bancos. - [Também mantém] protesto de título em cartório: as dívidas vencidas e não pagas poderão ser protestadas nos cerca de 3.070 cartórios de protestos espalhados pelo País. Essas informações são repassadas à Serasa [dentre muitas outras]. - A Serasa mantém alianças internacionais com as seguintes empresas: Inforalliance Network (Mundial), Dun & Bradstreet (Mundial): Graydon (Europa/Mundial), Info Japan (Japão), INFORMA (Espanha), Liga de Defensa Comercial (Uruguai), Mira Inform (Índia) Mope (Portugal), KCGF Korea Credit Guarantee Fund (Coréia do Sul), Veritas (América Latina/Mundial), Basis (Malásia), Frontline (Hong Kong), INRA (Tailândia), Mecos (Oriente Médio), Coface Scrl (França), IGK (Rússia, Leste Europeu e Países Bálticos), Informconf (Paraguai), Anorbis (Turquia e Chipre), Cicla (República Dominicana). Ou seja, ela se constitui como um serviço de proteção ao capital, tendo relações com empresas estrangeiras da mesma área. As principais denúncias: Convênio entre União e Febraban permitiu que a Secretaria da Receita Federal transferisse para a Serasa, de forma gratuita, toda a base de dados referente aos contribuintes brasileiros. Alegou que foi desrespeitada a cláusula do Convênio que impedia a transferência de dados a terceiros e a sua divulgação, e, ainda, que o Convênio constituiria ato nulo, pois firmado por agente incapaz. Ou seja, a Receita Federal transferiu dados diretamente pro banco de dados do Serasa. Essa CPI acabou em Pizza, alegando que todos os dados são públicos e o texto dá a entender que no balanço entre a perda de privacidade e o interesse público, este último favorece. Também ignoraram o fato de ter havido descumprimento de cláusula. Lamentável! O que é interessante nisso tudo é que às vezes restringimos muito o debate da privacidade pra algumas coisas que estão na internet, sendo que essa questão é muito mais abrangente. Interessante também notar que o relator da CPI foi o então deputado Gilberto Kassab (PFL), atual prefeito de São Paulo e (coincidência?) era da Associação Comercial de São Paulo até cerca de três meses atrás. Alguns links com a cobertura da época: - http://caso.serasa.vilabol.uol.com.br/ - http://www.relatorioalfa.com.br/modules.php?name=News&file=print&sid=164 - http://conjur.estadao.com.br/static/text/30931,1 - http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/07/258559.shtml