From 21a88f645baea31b22a5fe392f7c3631cb69bc0c Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Silvio Rhatto Date: Fri, 15 Jan 2016 17:00:30 -0200 Subject: More sketches: autogestao, singularidade --- sketches/autogestao.mdwn | 315 ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ sketches/singularidade.mdwn | 41 ++++++ 2 files changed, 356 insertions(+) create mode 100644 sketches/autogestao.mdwn create mode 100644 sketches/singularidade.mdwn (limited to 'sketches') diff --git a/sketches/autogestao.mdwn b/sketches/autogestao.mdwn new file mode 100644 index 0000000..7566887 --- /dev/null +++ b/sketches/autogestao.mdwn @@ -0,0 +1,315 @@ +Apatia, gerenciamento e autogestão distribuída +---------------------------------------------- + + The reasonable man adapts himself to the world; the unreasonable one + persists in trying to adapt the world to himself. Therefore all progress + depends on the unreasonable man. + -- George Bernard Shaw + +Não é um jogo e nem as cartas estão na mesa. Até agora, mostramos que o capitalismo se perpetua pela +busca por inovações oriundas no seu próprio descontrole, mas que apesar disso as utopias não deixaram +de morrer. Ainda existem chances e provavelmente sempre existirão. + +Nesse sentido, os dois próximos textos são sugestões de configurações sociais que em princípio não +parecem essencialmente novas, não buscam serem consideradas como "de vanguarda". O que impulsionou +a escrita de todos esses textos e principalmente destes próximos é a crença de que eles podem +contribuir para o fortalecimento do descontrole (descontrole do ponto de vista do capitalismo) e +principalmente do ruído destinado a nos levar a uma sociedade mais justa. + +Talvez muito do que aqui esteja escrito já tenha sido apropriado pelo capitalismo e pela lógica +empresarial, talvez o que houver de novidade aqui possa no futuro ser também apropriado. Talvez, +até a própria ruína do capitalismo e demais sistemas sociais produtores da miséria não dependa de +alguma descoberta e inovação da esquerda, mas do seu próprio e imprevisível colapso. + +De qualquer modo, julgamos que devemos nos arriscar: não fazer nada é jogar as chances no lixo e +terminar a vida como perdedores que nem jogaram. + +Acontece que não é um jogo e nem as cartas estão na mesa. No entanto, a rodada anterior já foi +concluída, o movimento antiglobalização já inventou novidades, o sistema se apropriou de parte delas +e o mundo segue seu curso. Agora talvez seja uma nova rodada deste não-jogo. + +O que exatamente deve ser feito, quais práticas adotadas e quais horizontes vislumbrados dependem +de cada pessoa e de cada grupo, Aqui, colocamos apenas algumas sugestões e possibilidades. Recomendamos +que cada grupo reflita e adote suas próprias. + +Estas conclusões são destinadas primeiramente aos grupos e pessoas que trabalham por um mundo mais +justo mas que no entanto tem seus esforços em muito diminuídos pelo excesso de burocracia, formalizações, +concentração de poder (mesmo que involuntária), falta de engajamento e vontade das pessoas, etc. + +Em segundo lugar, estas são conclusões sobre como uma sociedade livre e justa pode operar de forma +autogestionada, autocontrolada e de forma distribuída. + +Em nossos últimos textos temos discutido o controle social baseado no modelo de gerenciamento de fluxos +de informação, na exploração do trabalho alheio e no aprisionamento do desejo humano. Postulamos inicialmente +que o controle total não existe e podemos também dizer que hoje em dia não há meios para um descontrole total. +Todo o controle pode gerar descontrole, um modula o outro e o inapropriável se situa naquilo que pode ser +amplificado de modo a quebrar com o ciclo vicioso. + +Durante nossa discussão sobre cultura e de acordo com cada um dos exemplos utilizados ao longo dos diversos +textos, a questão do gerenciamento e do controle social desembocaram na necessidade das pessoas serem capazes +de decidirem quais práticas sociais devem escolher. Em outras palavras, autogestão distribuída. + +À luz do que já foi dito sobre cultura[1], a descrição dos procedimentos contida neste texto deve ser +entendida como um objeto cultural ou até como uma inovação cultural, se é que neste texto há alguma alusão +a comportamentos que sejam novos. De todo modo, este texto sugere comportamenteos sociais e portanto pode +ser entendido como um dado cultural. + +A autogestão distribuída +------------------------ + +A dominação das pessoas se estabelece quando as mesmas são gerenciadas de forma a se comportar conforme +normas previamente desejadas ou quando suas condutas são aceitas ou negadas. + +* O Gerenciamento é valido? Existe a possibilidade do auto-gerenciamento ou gerenciamento distribuído, + onde cada pessoa contribui favoravelmente para a probabilidade de certos eventos ocorrerem em detrimento de outros? + +* Exemplo 1: listar o que cada pessoa quer fazer coletivamente; pergunta retórica: o controle dessa listagem e + das associações entre pessoas que advir dela deve ser feito por uma única pessoa (o/a gerente) ou cada pessoa + deve saber como se associar (emergência de padrões). + +* Exemplo 2: a própria organização desta reunião pode ser observada sobre a óptica do gerenciamento + centralizado/distribuído: se todo mundo saber auto-organizar sua vida e organizar o coletivo e sua inserção nele, + a organização desta reunião e de qualquer outro processo coletivo passa a não ser gerenciado e controlado por + uma instância central. + +* Exemplo 3: sítios da Web 2.0 que exploram redes sociais são sistemas de gerenciamento de pessoas. + +Como combate à apatia, ao espetáculo (no sentido das pessoas se portarem como espectadoras, pessoas gerenciadas +que permanecem em estado de espera, letárgico e apático), ao ruído existente na lista de discussão, à dificuldade +de acompanhamento dos processos no coletivo e à inexistência de muitos processos realmente coletivos em andamento +(e não apenas às iniciativas pessoais existentes dentro de um grupo), foi elaborado o seguinte esquema mental de como ele +lidou e como qualquer pessoa pode participar de um grupo, onde três espaços básicos do coletivo são visualizados e +uma função é atribuída a cada um deles: + +* Reuniões informais: discussões, bate-papo descompromissado, elaboração de propostas de decisão e ação. +* Wiki Fechado: relatos, propostas e formalizações. +* Lista de discussão: instância de tomada de decisão. + +Ou seja: + +* Instância informal: reuniões presenciais ou via bate-papo. +* Instãncia formalizadora: lista de discussão. +* Meio de campo: Wiki Fechado. + +Num exemplo concreto, trata-se de aplicar ao máximo esse esquema mental de como lidar com o coletivo: + +* Usar a lista de discussão o mínimo possível para não gerar ruído. +* Usar os encontros informais para a maior troca de idéia. +* Usar o wiki ao máximo para passar o que foi discutido informalmente para a lista e vice-versa. + +Esse esquema mental nada mais faz do que sugerir um modelo pessoal de entendimento e participação no processo coletivo, +onde a pessoa pode determinar a melhor forma de se comunicar e submeter propostas, idéias e relatos sem que suas +mensagens façam parte de um ruído (isto é, excesso de mensagens sendo enviadas à lista) ou caiam num processo de +formalização muito burocrático. + +Com relação às reuniões informais, não há problema de autonomia se as pessoas combinarem previamente, avisarem +a lista e depois acrescentarem relatos ao wiki (e informarem a lista dessas alterações). Inclusive, as reuniões +informais, se feitas dessa forma, evitam o problema de gastarmos semanas tentando encaixar na agenda de todo mundo +uma reunião onde no fim das contas aparecem poucas pessoas. Desse modo, quando alguém quiser ou sentir que uma +reunião é necessária, basta combinar com outras pessoas interessadas, comunicar na lista e pronto :) + +Tal modelo nem precisa ser aprovado pelo coletivo, pois é um modelo de entendimento e relacionamento pessoal de +como as coisas podem fluir e como processos interessantes podem emergir, lembrando que emergência pode ser entendida +como pequenas regras (ou modelos, esquemas) de comportamento que cada pessoa mantém e aplica. + +Por fim, a questão da apatia versus o protagonismo. Tal modelo de relacionamento proposto só funciona de modo +saudável se todas as pessoas forem protagonistas, deixando sua apatia e sua preguiça de lado. Caso contrário, +ela levará a um gerenciamento centralizado nas poucas pessoas que forem ativas. Sentiu que uma troca de idéias +deve ser feita? Vá, faça, se possível informe a lista com antecedência e depois adicione o conteúdo no wiki e +avise a lista dessa adição. + +Quem não tem iniciativa está destinado/a a ser gerenciado/a e governado/a. + +Autogestão +---------- + +* Fazer e tornar público na medida do possível. + +* Número máximo de pessoas com as quais alguém consegue se relacionar. + +* Espaços formais e informais, momentos formais e informais. + +* Os processos devem ser de modo a _viabilizar sempre_ o trabalho de todos/as, levando em + conta as limitações das pessoas (tempo, capacidade, vontade, etc). + +* Entender os fatores que devem ser considerados na autogestão de quaisquer procedimentos + coletivos (escalabilidades, fluxo de informação, etc). + +* As pessoas devem determinar os fluxos e os processos e não os sistemas que devem determinar + a forma de organização e o trabalho das pessoas (nem as pesoas devem se realizar apenas + mediante a existência dos sistemas, devem ser independentes deles). + +* Os fluxos exercidos são realizados apenas a partir das vontades e desejos das pessoas, + sendo que estes sentimentos devem ser compreendidos também de acordo com a vontade de que + a liberdade e o bem-estar de uma pessoa contemplem e reforce a de outra. + +Exemplos +-------- + +* Agendas pessoais públicas. + +* Aproveitamento de material. + +* Equipamentos coletivizados: o uso constante de espaços e equipamentos pelos + seus donos é impraticável. Um "fundo" comum mas sem ser necessariamente um + depósito comum: esquema de empréstimos distribuído. + +Informatizando +-------------- + +A autogestão hoje pode ser muito enriquecida através da assimilação de conceitos +e protocolos oriundos da teoria da informação. Teoria que foi criada para +a centralização e o controle, mas que igualmente pode ser utilizada para a +descentralização do mesmo. + +O modelo de uma organização autogestionada ou mesmo de grupelhos tem também +muito o que herdar das experiências da educação, da pedagogia e das escolas +libertárias onde existem espaços e estruturas disponíveis para a investigação +pessoal ou coletiva impulsionada pela vontade de conhecer. + +Sem controle centralizado significa dizer que a priori não há necessidade +de conhecimento global, mas apenas local (o que vale na maioria dos casos). +Portanto, a terceira contribuição à autogestão pode vir da chamada +"emergência de padrões" e da "inteligência coletiva": comportamentos +simples e adotados por várias pessoas que levam a um fluxo complexo. +Mas cuidado: se a subversão depender de comportamentos simples e previsíveis, +pode também existir uma possibilidade maior de enfraquecimento da resistência. + +A cibernética é a ciência do controle do ruído, é uma tentativa de estabelecer +controles e lidar com descontroles. O caos é a ciência de tentar encontrar e +controlar padrões não determinísticos. Se a cibernética já é uma ciência há +muito estabelecida, o caos ainda é um ramo relativamente novo. No entanto, +da cibernética para o caos uma mudança de ocorreu: do estudo dos sistemas +de eliminação de ruído, já bem estabelecidos pela cibernética, passou-se para +o estudo do próprio ruído, nem sempre passível de eliminação (mesmo em sistemas +bem simples). O caos hoje é o atual ramo do conhecimento onde se efetua a batalha +entre o controle e o descontrole. + +É imprescindível para um grupo autônomo também ter autonomia e autocontrole +sobre sua estrutura informacional e portanto depender o mínimo possível de +estruturas corporativas, pois estas podem, ao mesmo tempo que facilitar +o trabalho do grupo, também dele obter informações fundamentais e por isso também +ser capaz de, em algum momento, controlá-lo. + +Resiliência +----------- + +O monitoramento em massa e a consequente seleção de alvos funcionam muito bem porque +mesmo nos movimentos sociais existe concentração de poder, controle e gerenciamento, +de modo que, com a remoção de apenas algumas poucas pessoas, é possível acabar +completamente com muitos movimentos. + +Em grupos onde há um gerenciamento distribuído, onde há autocontrole e autogestão, +os grupos se tornam muito mais resistentes à seleção de alvos. + + ^ + |. + | . + | . + | . + | . + | . + | . + |-----------------------------> + + Gráfico 1: Tráfego em função do número de pessoas + +Hoje, porém, os grupos -- mesmo os autônomos --, tem suas estruturas muito diferentes +do modelo autogestionario, autocontrolado e autogerenciado. Inclusive isso é verdade +mesmo para aqueles que adotam a forma de organização horizontal e anti-hierárquica. + +Os grupos são compostos por inúmeras pessoas que, no entanto, deles pouco participam +ou neles desempenham papéis menores nas decisões tomadas e nas tarefas executadas. + +O gráfico acima mostra um levantamento das mensagens que circularam dentro de um +dado grupo durante um certo período. Logo de cara percebe-se que poucas pessoas são +responsáveis pela maior parte das mensagens nele trafegadas, ou seja, poucas pessoam +tomam conta e gerenciam a comunicação dentro e fora do grupo, eventualmente também +sendo elas as responsáveis pela própria gestão interna. + +O gráfico, no entanto, não é apenas representativo de um comportameteo dominante +nos movimentos sociais. Ele é na verdade representante da própria característica +do sistema social vigente que, mesmo possuindo uma massa enorme de gente que +efetivamente realiza trabalho, a mesma não participa dos processos de gestão e +controle social, tanto porque o trabalho suga boa parte de suas energias ou também +porque elas não tem percepção ou mesmo interesse na necessidade de serem aptas +de modificarem o próprio destino. + +Portanto, as pessoas atuam (ou deixam de atuar, afinal, acabam por não participar +em toda sua plenitude) nos movimentos com a mesma tendências de delegação de poder +com que entregam seus destinos aos gestores sociais. + +Concordo em parte: sim, o controle não é automático simplesmente porque, +em primeiro lugar, monitoramento e controle demandam custos e até hoje +não compensou monitorar todas as pessoas cadastradas aumenta demais os +limitados orçamentos destinados a isso (o que é válido principalmente +em países subdesenvolvidos que tem pouca verba destinada a esse tipo +de coisa). Em segundo lugar, monitorar todo mundo não é necessário pra +ter um bom mapa esquemático sobre uma dada organização. Terceiro, porque +efetivamente nenhuma agência de inteligência é realmente inteligente, +algumas se aproximam mais, outras menos, mas nenhuma é completamente +eficaz. Agora, dado o barateamento da informática e a quantidade enorme +de desenvolvimento na computação de sistemas de mineração de dados, +começam a surgir sistemas de monitoramento em massa que aumentam muito +a eficácia tanto das agências de inteligência quanto da nova indústria +cultural. Não quero com essa afirmação dizer que agências de +inteligência são a mesma coisa que olheiros/as da indústria cultural, +apenas falo que ambas tem interesses muito próximos, ainda que para +finalidades diversas, na utilização de algoritmos de mineração de dados. + +Sobre isso recomendo o seguinte artigo: + + The Economics of Mass Surveillance and the + Questionable Value of Anonymous Communication + http://freehaven.net/anonbib/cache/danezis:weis2006.pdf + +Ele não fala apenas sobre monitoramento em massa e segurança. Uma +leitura atenta mostra que inclusive ele toca no ponto da gestão +dos grupos. Se você ler, conto um segredo sobre ele! :P + +Concordo em parte. A programação da TV tende a evitar inovações mas +aos poucos elas são sim introduzidas, bem aos poucos. O que discordo +é acreditar que a análise para a TV vale para outros instrumentos +midiáticos. Paro tubo de ensaio, por exemplo, isso não vale, porque +não existe um "canal" e uma programação única veiculada +sincronizadamente para uma massa de telespectadores/as. Nessas novas +formas de comunicação a inovação não acarreta em prejuízos, já que é +o usuário/a que monta a sua programação. + +Concordo que muita coisa permanece subterrânea, mas nem tudo fica, +especialmente aquilo que já circula pela rede mundial de computadores. +Sim, sabotagens são possíveis :) + +Uma dos pressupostos do combate ao terror é a seleção de alvos, mas o suposto +terrorismo funciona como células independentes com pouca ou nenhuma comunicação +entre si; por isso, na prática o objetivo do combate ao terror é a +desmobilização dos movimentos sociais legítimos. + +Misc +---- + + "Quando um grupo de desejos se agrupa e tenta deixar escoar um pouco + desta demanda represada, eles são represados." + - http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/10/398279.shtml + +* Disciplinarização, trabalho, produtividade, preguiça e desejo. +* Conhecimento do todo (informação global do sistema) ou apenas de algumas partes (informações locais): emergência. +* O problema, como foi diagnosticado, parece ter raíz no gerenciamento e na administração centralizadoras e/ou alheia (externa) às pessoas. A autogestão distribuída pode ser um pressuposto. +* Desejo pode gerar descontrole. +* A pixação e o grafite em princípio são manifestações não gerenciadas. +* A tirania das organizações sem estrutura: relações entre instâncias formais de democracia e informais de tirania. +* Espectro de desejos e espectro de energia. +* Na sociedade de controle, não há apenas a disciplina individual e a biopolítica das massas, mas uma junção das mesmas: é possível simultaneamente vigiar um indivíduo específico assim como qualquer massa que ele integre. +* Capital humano: a sala de bate-papo foi substituída pela lista de contatos do Orkut e do MSN. Economia dos contatos. +* A racionalidade dos gestos do trabalhador/a se faz muito mais presente na informática do que em outras áreas principalmente porque é nela em que os menores atos tem grande alcance. Racionalização que também provoca lesões por esforços repetitivos. +* Nome de um grupo ou pessoa é um bem rival, já que é utilizado na atividade política. Em muitos casos, o uso contraditório do nome pode levar a perda de credibilidade, em outros pode ser operacional. +* Parece mais sensato nos referirmos a _conteúdo_ e não à cultura. +* Cuidado com a busca pela regularidade nas ações (reuniões, etc). +* Verificar se isso aqui é interessante: [Informação e inteligência coletiva no ciberespaço: uma abordagem dialética](http://www.cienciasecognicao.org/artigos/v11/317144.html). +* Redes com escala, redes sem escala, redes com escala exponencial e resiliência. +* O erro das análises de Bauman e Adorno está em não contar com a possibilidade do gerenciamento totalmente distribuído, onde qualquer pessoa possa ser ao mesmo tempo consumidora, produtora, gerenciadora, distribuidora, etc, e isso se extende para qualquer tipo de cadeia produtiva e não apenas para conteúdos culturais. + +Referências +----------- + +1. [A cultura sob o ponto de vista da sociedade do controle e descontrole](http://wiki.sarava.org/Estudos/CulturaControleDescontrole). diff --git a/sketches/singularidade.mdwn b/sketches/singularidade.mdwn new file mode 100644 index 0000000..abe7e4c --- /dev/null +++ b/sketches/singularidade.mdwn @@ -0,0 +1,41 @@ +[[!meta title="Singularidade"]] + +Este arquivo contém esboços e ideias para completar +[este texto](https://sarava.fluxo.info/Estudos/CriticaAoSingularismo). + +Arca de Noé e a auto-ajuda neo-conservadora +------------------------------------------- + +Se esquecer que o mundo se tornará, ao invés de uma cidade reluzente, numa +imensa favela; não contentes com isso, ainda lutam para que o mundo esteja +repleto de lixo tecnológico. + +O ser humano -- para não dizer da própria vida como a conhecemos -- tido como +futuramente obsoleto e descartável é o limite da obsolescência programada +praticada pelo complexo industrial, sendo a vertente tecnototalitária da +doutrina do design inteligente. + +Para o pensamento singularista, não basta apenas que ocorra um obsoletismo: +este deve ser como na introdução de qualquer tecnologia pela indústria +capitalista, de forma brusca e impiedosa: a tecnologia anterior é descartada +num ato único, singular. O singularista, mesmo sem saber, afirma assim que o +ser humano e a vida não passam de tecnologias que inevitavelmente serão +declaradas como obsoletas. + +Amplificação +------------ + +O que move uma pessoa é uma questão complexa usualmente atribuída a uma série +de teorias: paixões, éticas, medos, interesses pessoais. Na história, +confundem-se os eventos e tendências promovidas e impulsionadas por uma pessoa +um por um grupo social. Naqueles de grande escala, apenas tem peso as ações +individuais que de algum modo são amplificadas pelo aparato tecnosocial. + +O papel dos lobbystas, defensores e proponentes da singularidade não seria tão +preocupante se não houvesse tal amplificação. + +Origem e fim +------------ + +Se o primitivismo trata erroneamente da questão das origens, o singularismo +trata, da mesma forma, da questão do fim. -- cgit v1.2.3