From bd16dd89ba0b1f9f9d53538120d0ebd0d8208eb6 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Silvio Rhatto Date: Sat, 26 Nov 2016 10:50:48 -0200 Subject: Updates books --- books/amor/arte.mdwn | 78 ++++++++++++++++++++++++++++++++ books/amor/dor.mdwn | 98 ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ books/amor/enamoramento.mdwn | 56 +++++++++++++++++++++++ books/amor/liquido.mdwn | 40 ++++++++++++++++ books/amor/poesia-sabedoria.mdwn | 3 ++ 5 files changed, 275 insertions(+) create mode 100644 books/amor/arte.mdwn create mode 100644 books/amor/dor.mdwn create mode 100644 books/amor/enamoramento.mdwn create mode 100644 books/amor/liquido.mdwn create mode 100644 books/amor/poesia-sabedoria.mdwn (limited to 'books/amor') diff --git a/books/amor/arte.mdwn b/books/amor/arte.mdwn new file mode 100644 index 0000000..3e5a54b --- /dev/null +++ b/books/amor/arte.mdwn @@ -0,0 +1,78 @@ +[[!meta title="A Arte de Amar"]] + + O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem, + consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de + seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a + consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido + sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de + morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua + solidão e separação, de sua impotência ante as forças da natureza e da + sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão + insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e + alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o + mundo exterior. + + -- 15 + + a união com o grupo é o modo predominante de superar a + separação, É uma união em que o ser individual desaparece em ampla escala, + em que o alvo é pertencer ao rebanho. Se sou como todos os mais, se não + tenho sentimentos ou pensamentos que me façam diferentes, se estou em + conformidade com os costumes, idéias, vestes, padrões do grupo, estou salvo; + salvei-me da terrível experiência da solidão. + + -- 18 + + não importando que esse uso fosse cruel ou “humano”. + Na sociedade capitalista contemporânea, o significado de igualdade + transformou-se. Por igualdade, faz-se referência à igualdade dos autômatos, + dos homens que perderam sua individualidade. Igualdade, hoje significa + “mesmice”, em vez de “unidade”. É a mesmice das abstrações, dos homens + que trabalham nos mesmos serviços, têm as mesmas diversões, lêem os + mesmos jornais, experimentam os mesmos sentimentos e as mesmas idéias. + + [...] + + A sociedade contemporânea advoga esse ideal de igualdade não individualizada, + porque necessita de átomos humanos, cada qual o mesmo, a fim de fazê-los + funcionar numa agregação de massa, suavemente, sem fricções, obedecendo todos + ao mesmo comando e, contudo, convencido cada qual de estar seguindo seus + próprios desejos. Assim como a moderna produção em massa exige a padronização + dos artigos, também o processo social requer a padronização do homem, e tal + padronização é chamada “igualdade”. + + -- 20 + + Mesmo seu funeral, que ele antevê como o último de seus grandes eventos + sociais, está em estreita conformidade com os padrões. Além da conformidade + como meio de aliviar a ansiedade que nasce da + + -- 21 + + Quase não é necessário acentuar o fato de que a capacidade de dar + depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Pressupõe o alcançamento + de uma orientação predominantemente produtiva; nessa orientação a pessoa + superou a dependência, a onipotência narcisista, o desejo de explorar os + outros, ou de amealhar, e adquiriu fé em seus próprios poderes humanos, + coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos. No mesmo grau em + que faltarem essas qualidades é ela temerosa de dar-se — e, portanto, de amar. + + -- 27 + + Cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento são mutuamente + interdependentes. Constituem uma síndrome de atitudes que vamos encontrar + na pessoa amadurecida, isto é, na pessoa que desenvolve produtivamente seus + próprios poderes, que só quer ter aquilo por que trabalhou, que abandonou os + sonhos narcisistas de onisciência e onipotência, que adquiriu humildade + alicerçada na força íntima somente dada pela genuína atividade produtiva. + Até aqui falei do amor como a superação da separação humana, como o + + -- 31 + + Problema: considera o homossexualismo como desvio e fracasso. + + -- 32 + + Segurança, prisão. + + -- 93 diff --git a/books/amor/dor.mdwn b/books/amor/dor.mdwn new file mode 100644 index 0000000..da979f7 --- /dev/null +++ b/books/amor/dor.mdwn @@ -0,0 +1,98 @@ +[[!meta title="O Livro da Dor e do Amor"]] + + A imagem do ser perdido não deve se apagar; pelo + contrário, ela deve dominar até o momento em que — graças ao luto + — a pessoa enlutada consiga fazer com que coexistam o amor pelo + desaparecido e um mesmo amor por um novo eleito. Quando essa + coexistência do antigo e do novo se instala no inconsciente, podemos + estar seguros de que o essencial do luto começou. + + -- 13 + + Eu também estava surpreso de ter + expresso espontaneamente, em tão poucas palavras, o essencial da + minha concepção de luto, segundo a qual a dor se acalma se a pessoa + enlutada admitir enfim que o amor por um novo eleito vivo nunca + abolirá o amor pelo desaparecido. + + -- 14 + + dar um sentido à dor do outro significa, para o psicanalista, + afinar-se com a dor, tentar vibrar com ela, e, nesse estado de resso- + nância, esperar que o tempo e as palavras se gastem. + + -- 16 + + Ao longo destas páginas, gostaria de transmitir o que eu próprio aprendi, + isto é, que a dor mental não é necessariamente patológica; ela baliza + a nossa vida como se amadurecêssemos a golpes de dores sucessivas. + + -- 17-18 + + Para quem pratica a psicanálise, revela-se com toda a evidência — + graças à notável lente da transferência analítica — que a dor, no coração + do nosso ser, é o sinal incontestável da passagem de uma prova. Quando + uma dor aparece, podemos acreditar, estamos atravessando um limiar, + passamos por uma prova decisiva. Que prova? A prova de uma + separação, da singular separação de um objeto que, deixando-nos súbita + e definitivamente, nos transtorna e nos obriga a reconstruir-nos. + + -- 18 + + O luto + do amado é, de fato, a prova mais exemplar para compreender a natureza + e os mecanismos da dor mental. Entretanto, seria falso acreditar que a + dor psíquica é um sentimento exclusivamente provocado pela perda de + um ser amado. Ela também pode ser dor de abandono, quando o amado + nos retira subitamente o seu amor; de humilhação quando somos + profundamente feridos no nosso amor-próprio; e dor de mutilação + quando perdemos uma parte do nosso corpo. Todas essas dores são, + em diversos graus, dores de amputação brutal de um objeto amado, ao + qual estávamos tão intensa e permanentemente ligados que ele regulava + a harmonia do nosso psiquismo. A dor só existe sobre um fundo de amor. + + -- 18 + + Antes de tudo, a dor é um afeto, o derradeiro + afeto, a última muralha antes da loucura e da morte. Ela é como que + um estremecimento final que comprova a vida e o nosso poder de nos + recuperarmos. Não se morre de dor. Enquanto há dor, também temos + as forças disponíveis para combatê-la e continuar a viver. É essa noção + de dor-afeto que vamos estudar nos primeiros capítulos. + + -- 19-20 + + Quer se trate de uma dor corporal provocada por uma lesão dos + tecidos ou de uma dor psíquica provocada pela ruptura súbita do laço + íntimo com um ser amado, a dor se forma no espaço de um instante. + Entretanto, veremos que a sua geração, embora instantânea, segue um + processo complexo. Esse processo pode ser decomposto em três tem- + pos: começa com uma ruptura, continua com a comoção psíquica que + a ruptura desencadeia, e culmina com uma reação defensiva do eu para + proteger-se da comoção. Em cada uma dessas etapas, domina um + aspecto particular da dor. + + -- 20 + + Como diferencia ele cada um desses afetos? Propõe o + seguinte paralelo: enquanto a dor é a reação à perda + efetiva da pessoa amada, a angústia é a reação à + ameaça de uma perda eventual. + + -- 27 + + Mas qual é essa reação? Diante do transtorno pul- + sional introduzido pela perda do objeto amado, o eu + se ergue: apela para todas as suas forças vivas — + mesmo com o risco de esgotar-se — e as concentra + em um único ponto, o da representação psíquica do + amado perdido. A partir de então, o eu fica inteira- + mente ocupado em manter viva a imagem mental do + desaparecido. Como se ele se obstinasse em querer + compensar a ausência real do outro perdido, magnifi- + cando a sua imagem. O eu se confunde então quase + totalmente com essa imagem soberana, e só vive + amando, e por vezes odiando a efígie de um outro + desaparecido. + + -- 28 diff --git a/books/amor/enamoramento.mdwn b/books/amor/enamoramento.mdwn new file mode 100644 index 0000000..597ee95 --- /dev/null +++ b/books/amor/enamoramento.mdwn @@ -0,0 +1,56 @@ +[[!meta title="Enamoramento e Amor"]] + + Em todos os períodos históricos que antecedem um movimento social, + em todas as histórias pessoais que antecedem um enamoramento, há + sempre uma grande preparação em consequência de uma mutação, de uma + deterioração nas relações com as coisas amadas. Nesses períodos, os + velhos mecanismos, o de depressão e o de perseguição, continuam + funcionando. Protegemos com toda a força o nosso ideal, escondendo + o problema. A consequência é que o movimento coletivo (o enamoramento) + golpeia sempre de improviso. Era uma pessoa tão gentil e afetuosa, diz + o marido (ou a mulher) abandonado. Era tão feliz comigo, pensa. Na + realidade, ela já estava procurando uma alternativa, só que a rejeitava + obsessivamente. + + -- págs. 16-17 + + As pessoas enamoradas (e muitas vezes ambas conjuntamente) revêem o passado + e se dão conta de que o que aconteceu foi assim porque, naquele momento, + fizeram opções, que elas quiseram e agora não querem mais. O passado + não é negado nem oculto, é privado de valor. É verdade que amei e odiei meu marido, + mas não o odeio mais; enganei-me, mas posso mudar. Então o passado se configura + como pré-história, e a verdadeira história começa agora. Desse modo terminam + o ressentimento, o rancor e o desejo de vingança. [...] Seu passado adquiriu + outro significado à luz de seu novo amor. No fundo, pode até continuar gostando + do marido ou da mulher justamente por estar apaixonada. A alegria desse amor a torna + dócil, meiga, boa. É geralmente a outra pessoa enamorada que não aceita esse + fato, que não acredita nele. + + -- pág. 19 + + Por exemplo, ele diz que me ama, mas não me leva com ele na sua vida, + coloca-me à parte do seu trabalho; quando ele viaja, não viaja comigo; + quer confinar-me à figura da amante que se encontra que se encontra de + vez em quando, da amante silenciosa que ama à sombra. Ele continua a ser + o mesmo, não pôe em risco suas relações, mantendo-as todas. Eu tenho de + ser somente seu refúgio secreto, devo reduzir minha vida a um esperar + que venha quando bem quiser, de acordo com as regras que se atribui. + Não, não posso aceitar isso; para mim, isso é um não-viver. Para outra + mulher, poderia ser, teria sido também para mim no passado, mas agora não. + Agora quero uma vida plena. Agora peço-lhe coisas: ''Posso ir com você?'' + Minha pergunta é uma prova. Se responde que não, quer dizer que me afasta + para onde eu não posso existir. + + -- pág. 61 + + No início, vai procurar lutar, conquistá-lo com o fascínio, com todos os + cuidados e dedicação, mudando sua própria maneira de ser, mas quando + compreender que o ser amado não o ama mais, não lhe resta mais nada a + fazer senão empunhar a espada da separação. A força que lhe resta permite-lhe + cortar as mãos que se estendem até esse ser querido, cegar os olhos que o + procuram por toda a parte. Pouco a pouco, para não mais desejar a quem amou, + deverá encontrar nele razões para se desenamorar; deverá procurar refazer + o que viveu, cobrindo de ódio tudo aquilo que foi. O ódio será sua tentativa de + destruir o passado, mas é um ódio impotente + + -- pág. 67 diff --git a/books/amor/liquido.mdwn b/books/amor/liquido.mdwn new file mode 100644 index 0000000..bb66b83 --- /dev/null +++ b/books/amor/liquido.mdwn @@ -0,0 +1,40 @@ +[[!meta title="Amor Líquido"]] + +* Ratos, 20. +* Amor e criatividade, 21. +* Amor, doação, alteridade, 24. +* Economia moral, criatividade, rotina, anarquia, 93-96: + + São essas as capacidades que constituem os esteios da "economia moral" - + cuidado e auxílio mútuos, viver _para_ os outros, urdir o tecido dos + compromissos humanos, estreitar e manter os vínculos inter-humanos, traduzir + direitos em obrigações, compartir a responsabilidade pela sorte e o bem-estar + de todos - indispensável para tapar os buracos escavados e conter os fluxos + liberados pelo empreendimento, eternamente inconcluso, da estruturação. + + [...] + + Os principais alvos do ataque do mercado são os seres humanos _produtores_. + Numa terra totalmente conquistada e colonizada, somente _consumidores_ + humanos poderiam obter permissão de residência. [...] O Estado obcecado + com a ordem combateu (correndo riscos) a anarquia, aquela marca registrada + da _communitas_, em função da ameaça à rotina imposta pelo poder. O mercado + consumidor obcecado pelos lucros combate essa anarquia devido à turbulenta + capacidade produtiva que ela apresenta, assim como apo potencial para a + autossuficiência que, ao que se suspeita, crescerá a partir dela. É porque + a economia moral tem pouca necessidade do mercado que as forças deste se + levantam contra ela. + + -- 96 + +* Jogo, descartabilidade do humano, 111. +* David Harvey, política local/global, 124. +* Filantropia, verdade, Hannah Arendt, 179. +* Diálogo, jogo, discussão 181. +* Finale: + + Na era da globalização, a causa e a política da humanidade compartilhada + enfrentam a mais decisiva de todas as fases que já atravessaram em sua longa + história. + + -- 185 diff --git a/books/amor/poesia-sabedoria.mdwn b/books/amor/poesia-sabedoria.mdwn new file mode 100644 index 0000000..78963e1 --- /dev/null +++ b/books/amor/poesia-sabedoria.mdwn @@ -0,0 +1,3 @@ +[[!meta title="Amor, poesia, sabedoria"]] + +* Autor: Edgar Morin. -- cgit v1.2.3