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diff --git a/research/economics/valor-social.md b/research/economics/valor-social.md index f12280c..e3b198f 100644 --- a/research/economics/valor-social.md +++ b/research/economics/valor-social.md @@ -18,7 +18,7 @@ há necessariamente uma cultura de passar para frente a ajuda recebida. Por isso, estabelecemos neste texto uma sugestão de acordos de ajuda múltipla tanto como proposta de prática e sobretudo como reflexão da distância que os grupos sociais se encontram com relação a um regime de -dádivas e não-escassez. +dádiva e não-escassez. O acordo de ajuda múltipla ========================== @@ -118,10 +118,10 @@ perguntas, podemos recorrer a um mínimo de sistematização. Considerando um grupo social de _m_ pessoas, podemos definir a função *valor social* como sendo -[[!teximg code="S = \displaystyle\sum_{p=1}^{m}\frac{\left(p\ n_p\right)^{v}}{mr}"]] +$$S = \displaystyle\sum_{p=1}^{m}\frac{\left(p\ n_p\right)^{v}}{mr}$$ -onde [[!teximg code="n_p"]] é a quantidade de acordos existentes envolvendo _p_ -pessoas[4], cada acordo com viralidade[5] _v_ e _r < m_ é o número de +onde $n_p$ é a quantidade de acordos existentes envolvendo $p$ +pessoas[4], cada acordo com viralidade[5] $v$ e $r < m$ é o número de pessoas que *poderiam* [6] ter efetuado acordos mas que ficaram de fora (isto é, não fizeram acordo nenhum). O valor social assim definido exibe uma série de propriedades interessantes sob o ponto de vista das @@ -137,15 +137,15 @@ múltiplas partes possui maior ação coletiva (maior participação coletiva, maior coletividade) do que uma sociedade com acordos entre apenas poucas partes. -Já a quantidade _m_ de pessoas do grupo e o total _r_ de pessoas que não +Já a quantidade $m$ de pessoas do grupo e o total $r$ de pessoas que não participaram de nenhum tipo de acordo contribuem na diminuição do valor -social: se poucas pessoas (em relação ao total _m_) fazem acordo, temos -uma sociedade com pouca ajuda múltipla e, portanto, para que _S_ atinja -valores significativos, é preciso que _m_ se torne quantitativamente -menor em relação aos valores dos componentes [[!textimg code="\left(p\ n_p\right)^{v}"]]. -O mesmo vale para _r_: os componentes devem ser mais significativos do +social: se poucas pessoas (em relação ao total $m$) fazem acordo, temos +uma sociedade com pouca ajuda múltipla e, portanto, para que $S$ atinja +valores significativos, é preciso que $m$ se torne quantitativamente +menor em relação aos valores dos componentes $\left(p\ n_p\right)^{v}$. +O mesmo vale para $r$: os componentes devem ser mais significativos do que a quantidade de pessoas que poderiam estar em acordos mas que -ficaram de fora, ou seja, _S_ leva em conta a inclusão ou exclusão +ficaram de fora, ou seja, $S$ leva em conta a inclusão ou exclusão social da ação coletiva[7]. Por fim, a viralidade potencializa a multiplicação de acordos: quanto @@ -165,25 +165,25 @@ sistemas dinâmicos. Por simplificação, podemos reescrever a equação anterior como -[[!teximg code="S = k\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}"]] +$$S = k\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}$$ -onde [[!teximg code="k = \frac{1}{mr}"]]. É claro que o valor de _k_ +onde $k = \frac{1}{mr}$. É claro que o valor de $k$ pode mudar num dado grupo social – por exemplo: mais pessoas ingressando ou saindo do grupo ou então com um aumento ou diminuição de protagonistas de acordos – mas podemos considerá-lo como constante num dado momemto, ou seja, -[[!teximg code="k = k(t)"]] e independente de outras variáveis. +$k = k(t)$ e independente de outras variáveis. O que realmente nos interessa agora, no entanto, é que chega um momento em que o grupo social está com tantos acordos que, da forma como -definimos na equação [eq:simples], _S_ começa a crescer absurdamente e +definimos na equação [eq:simples], $S$ começa a crescer absurdamente e já não passa a representar o valor efetivo de um corpo social onde a ajuda múltipla se faz presente. Em outras palavras: chega um momento em que as pessoas já estão tão endividadas de acordos a cumprir que mais dívidas não afetarão consideravelmente no seu comportamento de ajuda -múltipla. Para refrear o crescimento indiscriminado de _S_, +múltipla. Para refrear o crescimento indiscriminado de $S$, redefiniremos nossa função como -[[!teximg code="S = k\ ln\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}"]] +$$S = k\ ln\displaystyle\sum_{p=1}^{m}\left(p\ n_p\right)^{v}$$ onde _ln_ cumpre um amortecimento no crescimento da somatória, mostrando que o valor efetivo do grupo cresce logaritmicamente: temos um rápido @@ -191,16 +191,16 @@ crescimento do valor conforme os acordos se iniciam e se multiplicam e, conforme o endividamento social cresce, a sociedade atinge patamares de valor altos demais para que um maior acréscimo se torne significativo. -Temos que, pela própria definição, _S_ é uma função de estado, uma vez +Temos que, pela própria definição, $S$ é uma função de estado, uma vez que, definido um grupo social e suas interações a partir das variáveis -_n_, _m_, _v_, _r_, etc, temos que _S_ é um indicativo do estado do +$n$, $m$, $v$, $r$, etc, temos que $S$ é um indicativo do estado do sistema – indicando, por exemplo, se ele possui mais ou menos acordos (e qual a potência e alcance dos acordos) do que outro grupo social igualmente caracterizado. Além disso, obedece a -[[!teximg code="\frac{dS}{dt} \geq 0"]] +$$\frac{dS}{dt} \geq 0$$ -Portanto, chamaremos nossa última definição de _S_ (equação [eq:valor]) +Portanto, chamaremos nossa última definição de $S$ (equação [eq:valor]) como *entropia econômica do grupo social*. Tal entropia mede, inicialmente, *o grau de endividamento do corpo social.* O endividamento é então a única forma de acúmulo possível: uma vez que alguém ajuda @@ -231,8 +231,8 @@ tem um aumento indesejável, aqui se torna o comportamento almejado. Sendo os acordos diretos, isto é, não mediados, temos ainda mais descontrole: é importantíssimo que tais acordos não sejam mediados por bancos de dados. Por banco de dados entendemos qualquer iniciativa de -tentar *efetivamente* calcular _S_ para um dado grupo social (e não o -registro pessoal que cada indivíduo mantiver a respeitodos acordos que +tentar *efetivamente* calcular $S$ para um dado grupo social (e não o +registro pessoal que cada indivíduo mantiver a respeito dos acordos que participou). A mera existência de um banco de dados centralizado capaz de calcular a cada instante o valor social tem os seguintes riscos: @@ -254,7 +254,7 @@ de calcular a cada instante o valor social tem os seguintes riscos: É com esse sentido de oposição aos bancos de dados que estabelecemos o conceito de valor social: não nos interessa calcular efetivamente o -valor de _S_ para um dado grupo social e muito menos caracterizar cada +valor de $S$ para um dado grupo social e muito menos caracterizar cada grupo em função desses parâmetros, o que além de policialesco não representa o real valor social do grupo (afinal, nem discutimos as diferenças qualitativas de cada acordo). Queremos, ao contrário, mostrar @@ -287,7 +287,7 @@ da rede? E no caso de grupos em conflito interno? Estas são apenas sugestões de desdobramentos possíveis: convidamos todas as pessoas que queiram contribuir para a análise de regimes econômicos fora do mercado para que pensem conjuntamente no que aqui foi meramente -delineado. A experimentação também é encorajada: sem ela, toda esta de +delineado. A experimentação também é encorajada: sem ela, toda esta discussão não passa de uma teoria descolada dos grupos sociais. Referências @@ -305,30 +305,30 @@ Referências ou apoio mútuo (mas que eventualmente possa ter o mesmo significado). -2. É claro que o valores de _v_ podem ser estipulados em cada acordo. +2. É claro que o valores de $v$ podem ser estipulados em cada acordo. 3. Por *conservar valor* não queremos dizer que a moeda não sofre valorização e desvalorização, mas sim que a moeda “congela” trabalho. -4. Começamos nossa somatória com _p = 1_ pois, apesar de ser um caso +4. Começamos nossa somatória com $p = 1$ pois, apesar de ser um caso em princípio bizarro (uma pessoa fazendo acordo consigo mesmo), não deixa de ser uma possibilidade: posso, por exemplo, fazer um acordo comigo mesmo e, caso o cumpra, ajudarei mais pessoas, sendo caso clássico disso é a solidariedade de ex-viciados, por exemplo. Outro - argumento para manter _p = 1_ é a simplicidade. + argumento para manter $p = 1$ é a simplicidade. 5. Poderíamos, é claro, supor um sistema onde cada acordo tivesse uma - viralidade _v_ própria, mas a complexidade do cálculo seria + viralidade $v$ própria, mas a complexidade do cálculo seria desnecessária para esta primeira exposição do assunto. -6. Que fique claro: _r_ não inclui pessoas que não podem ajudar, mas +6. Que fique claro: $r$ não inclui pessoas que não podem ajudar, mas apenas as que podem mas que ficaram de fora dos acordos. -7. Alternativamente, poderíamos definir o divisor como _m^r_ ao invés - de _mr_, o que faria com que _S_ fosse muito mais sensível à +7. Alternativamente, poderíamos definir o divisor como $m^r$ ao invés + de $mr$, o que faria com que $S$ fosse muito mais sensível à inclusão ou exclusão social. Optamos, no entanto, por uma abordagem - em que _m_ e _r_ contribuem com igual teor. + em que $m$ e $r$ contribuem com igual teor. 8. Num sistema mais próximo da realidade teríamos trocentas outras variáveis. diff --git a/research/economics/valor-social/valor-social.dvi b/research/economics/valor-social/valor-social.dvi Binary files differindex ef3e8d3..6153ed6 100644 --- a/research/economics/valor-social/valor-social.dvi +++ b/research/economics/valor-social/valor-social.dvi diff --git a/research/economics/valor-social/valor-social.pdf b/research/economics/valor-social/valor-social.pdf Binary files differindex 0618563..8258df4 100644 --- a/research/economics/valor-social/valor-social.pdf +++ b/research/economics/valor-social/valor-social.pdf diff --git a/research/economics/valor-social/valor-social.tex b/research/economics/valor-social/valor-social.tex index 58f97c3..30a4475 100644 --- a/research/economics/valor-social/valor-social.tex +++ b/research/economics/valor-social/valor-social.tex @@ -1,7 +1,8 @@ \documentclass[a4paper]{article} \usepackage[brazilian]{babel} -\usepackage[latin1]{inputenc} +\usepackage[utf8]{inputenc} \usepackage[dvips]{graphics} +\usepackage[ddmmyyyy]{datetime} \setlength\topmargin{0.3in} \setlength\headheight{0in} \setlength\headsep{0in} @@ -12,6 +13,8 @@ \title{A ajuda múltipla e o valor social} \author{Silvio Rhatto (rhatto em riseup.net)} +\newdate{date}{26}{06}{2008} +\date{\displaydate{date}} \begin{document}\label{start} \maketitle @@ -22,7 +25,7 @@ Procurando resolver um problema prático, este texto sistematiza uma forma de pr \section{Motivação} -Em geral, quando ajudamos alguém (principalmente quando ensinamos algo), não há muita garantia que a pessoa ajudada passará a idéia pra frente, seja ajudando outrem ou passando o conhecimento adiante. Mesmo em coletivos horizontais, não-hierárquicos e baseados na ajuda mútua, não há necessariamente uma cultura de passar para frente a ajuda recebida. Por isso, estabelecemos neste texto uma sugestão de acordos de ajuda múltipla tanto como proposta de prática e sobretudo como reflexão da distância que os grupos sociais se encontram com relação a um regime de dádivas e não-escassez. +Em geral, quando ajudamos alguém (principalmente quando ensinamos algo), não há muita garantia que a pessoa ajudada passará a idéia pra frente, seja ajudando outrem ou passando o conhecimento adiante. Mesmo em coletivos horizontais, não-hierárquicos e baseados na ajuda mútua, não há necessariamente uma cultura de passar para frente a ajuda recebida. Por isso, estabelecemos neste texto uma sugestão de acordos de ajuda múltipla tanto como proposta de prática e sobretudo como reflexão da distância que os grupos sociais se encontram com relação a um regime de dádiva e não-escassez. \section{O acordo de ajuda múltipla} @@ -115,7 +118,7 @@ A entropia tem sido fonte de controversias e mal-entendidos quanto à sua interp Esta se torna então uma teoria do descontrole social: o aumento da entropia é, aqui, não só benéfica como desejável, já que ela indica um aumento do número de interações. Se nas teorias do controle a entropia tem um aumento indesejável, aqui se torna o comportamento almejado. -Sendo os acordos diretos, isto é, não mediados, temos ainda mais descontrole: é importantíssimo que tais acordos não sejam mediados por bancos de dados. Por banco de dados entendemos qualquer iniciativa de tentar \emph{efetivamente} calcular $S$ para um dado grupo social (e não o registro pessoal que cada indivíduo mantiver a respeitodos acordos que participou). A mera existência de um banco de dados centralizado capaz de calcular a cada instante o valor social tem os seguintes riscos: +Sendo os acordos diretos, isto é, não mediados, temos ainda mais descontrole: é importantíssimo que tais acordos não sejam mediados por bancos de dados. Por banco de dados entendemos qualquer iniciativa de tentar \emph{efetivamente} calcular $S$ para um dado grupo social (e não o registro pessoal que cada indivíduo mantiver a respeito dos acordos que participou). A mera existência de um banco de dados centralizado capaz de calcular a cada instante o valor social tem os seguintes riscos: \begin{itemize} \item Dá margens para o estabelecimento de controles sociais com a identificação das pessoas mais protagonistas (que participam de mais acordos), das pessoas mais prestativas (as que mais ajudam), as que mais são ajudadas e as que menos contribuem com ações coletivas, possibilitando assim represálias, etc. @@ -131,16 +134,16 @@ Não sabemos os desdobramentos desta teoria do valor e desta prática de acordos Por outro lado, a existência e a propagação dos acordos pressupõem um grupo social pertencente a redes de relacionamentos afins, o que em certo sentido limita a aplicação da ajuda múltipla: e quem não participa da rede? E no caso de grupos em conflito interno? -Estas são apenas sugestões de desdobramentos possíveis: convidamos todas as pessoas que queiram contribuir para a análise de regimes econômicos fora do mercado para que pensem conjuntamente no que aqui foi meramente delineado. A experimentação também é encorajada: sem ela, toda esta de discussão não passa de uma teoria descolada dos grupos sociais. +Estas são apenas sugestões de desdobramentos possíveis: convidamos todas as pessoas que queiram contribuir para a análise de regimes econômicos fora do mercado para que pensem conjuntamente no que aqui foi meramente delineado. A experimentação também é encorajada: sem ela, toda esta discussão não passa de uma teoria descolada dos grupos sociais. \section{Distribuição deste texto} -Este texto é manipulável segundo a \emph{Licença de Manipulação de Informações do Coletivo Saravá}, disponível também em \emph{http://www.sarava.org/copyleft} e que atribui ao detentor/a da informação as seguintes liberdades: +Este texto é manipulável segundo sua própria licença de Copyfarleft e que atribui ao detentor/a da informação as seguintes liberdades: \begin{enumerate} \item A liberdade de armazenar a informação. \item A liberdade de manipular a informação. -\item A liberdade de distribuir a informação, modificada ou não. +\item A liberdade de distribuir a informação, modificada ou não. \end{enumerate} Com as seguintes observações: @@ -149,9 +152,7 @@ Com as seguintes observações: \item Desde que esta licença acompanhe a informação. \item Desde que para fins não-comerciais. \item Desde que a fonte seja citada. -\item Caso o conteúdo seja distribuído por você, o Coletivo Saravá deve ser notificado antecipadamente (sarava em lists.riseup.net). -\item Caso ocorra uma modificação, distribuir a informação modificada e notificar antecipadamente o Coletivo Saravá. -\item O Coletivo Saravá pode a qualquer momento revogar o licenciamento da informação para uma determinada pessoa ou entidade. +\item Caso ocorra uma modificação, informe a pessoa autora. \end{enumerate} \end{document} |