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index 0000000..9776a64
--- /dev/null
+++ b/books/love/enamoramento-e-amor.md
@@ -0,0 +1,63 @@
+[[!meta title="Enamoramento e Amor"]]
+
+* Autor: Franceso Alberoni.
+* Editora: Rocco.
+* Ano: 1988.
+* [Versão inglesa](http://www.fallinginlovecenter.it/falling_inlove_center_download.asp).
+
+## Trechos
+
+ Em todos os períodos históricos que antecedem um movimento social,
+ em todas as histórias pessoais que antecedem um enamoramento, há
+ sempre uma grande preparação em consequência de uma mutação, de uma
+ deterioração nas relações com as coisas amadas. Nesses períodos, os
+ velhos mecanismos, o de depressão e o de perseguição, continuam
+ funcionando. Protegemos com toda a força o nosso ideal, escondendo
+ o problema. A consequência é que o movimento coletivo (o enamoramento)
+ golpeia sempre de improviso. Era uma pessoa tão gentil e afetuosa, diz
+ o marido (ou a mulher) abandonado. Era tão feliz comigo, pensa. Na
+ realidade, ela já estava procurando uma alternativa, só que a rejeitava
+ obsessivamente.
+
+ -- págs. 16-17
+
+ As pessoas enamoradas (e muitas vezes ambas conjuntamente) revêem o passado
+ e se dão conta de que o que aconteceu foi assim porque, naquele momento,
+ fizeram opções, que elas quiseram e agora não querem mais. O passado
+ não é negado nem oculto, é privado de valor. É verdade que amei e odiei meu marido,
+ mas não o odeio mais; enganei-me, mas posso mudar. Então o passado se configura
+ como pré-história, e a verdadeira história começa agora. Desse modo terminam
+ o ressentimento, o rancor e o desejo de vingança. [...] Seu passado adquiriu
+ outro significado à luz de seu novo amor. No fundo, pode até continuar gostando
+ do marido ou da mulher justamente por estar apaixonada. A alegria desse amor a torna
+ dócil, meiga, boa. É geralmente a outra pessoa enamorada que não aceita esse
+ fato, que não acredita nele.
+
+ -- pág. 19
+
+ Por exemplo, ele diz que me ama, mas não me leva com ele na sua vida,
+ coloca-me à parte do seu trabalho; quando ele viaja, não viaja comigo;
+ quer confinar-me à figura da amante que se encontra que se encontra de
+ vez em quando, da amante silenciosa que ama à sombra. Ele continua a ser
+ o mesmo, não pôe em risco suas relações, mantendo-as todas. Eu tenho de
+ ser somente seu refúgio secreto, devo reduzir minha vida a um esperar
+ que venha quando bem quiser, de acordo com as regras que se atribui.
+ Não, não posso aceitar isso; para mim, isso é um não-viver. Para outra
+ mulher, poderia ser, teria sido também para mim no passado, mas agora não.
+ Agora quero uma vida plena. Agora peço-lhe coisas: ''Posso ir com você?''
+ Minha pergunta é uma prova. Se responde que não, quer dizer que me afasta
+ para onde eu não posso existir.
+
+ -- pág. 61
+
+ No início, vai procurar lutar, conquistá-lo com o fascínio, com todos os
+ cuidados e dedicação, mudando sua própria maneira de ser, mas quando
+ compreender que o ser amado não o ama mais, não lhe resta mais nada a
+ fazer senão empunhar a espada da separação. A força que lhe resta permite-lhe
+ cortar as mãos que se estendem até esse ser querido, cegar os olhos que o
+ procuram por toda a parte. Pouco a pouco, para não mais desejar a quem amou,
+ deverá encontrar nele razões para se desenamorar; deverá procurar refazer
+ o que viveu, cobrindo de ódio tudo aquilo que foi. O ódio será sua tentativa de
+ destruir o passado, mas é um ódio impotente
+
+ -- pág. 67