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diff --git a/books/enamoramento-amor.mdwn b/books/enamoramento-amor.mdwn deleted file mode 100644 index 597ee95..0000000 --- a/books/enamoramento-amor.mdwn +++ /dev/null @@ -1,56 +0,0 @@ -[[!meta title="Enamoramento e Amor"]] - - Em todos os períodos históricos que antecedem um movimento social, - em todas as histórias pessoais que antecedem um enamoramento, há - sempre uma grande preparação em consequência de uma mutação, de uma - deterioração nas relações com as coisas amadas. Nesses períodos, os - velhos mecanismos, o de depressão e o de perseguição, continuam - funcionando. Protegemos com toda a força o nosso ideal, escondendo - o problema. A consequência é que o movimento coletivo (o enamoramento) - golpeia sempre de improviso. Era uma pessoa tão gentil e afetuosa, diz - o marido (ou a mulher) abandonado. Era tão feliz comigo, pensa. Na - realidade, ela já estava procurando uma alternativa, só que a rejeitava - obsessivamente. - - -- págs. 16-17 - - As pessoas enamoradas (e muitas vezes ambas conjuntamente) revêem o passado - e se dão conta de que o que aconteceu foi assim porque, naquele momento, - fizeram opções, que elas quiseram e agora não querem mais. O passado - não é negado nem oculto, é privado de valor. É verdade que amei e odiei meu marido, - mas não o odeio mais; enganei-me, mas posso mudar. Então o passado se configura - como pré-história, e a verdadeira história começa agora. Desse modo terminam - o ressentimento, o rancor e o desejo de vingança. [...] Seu passado adquiriu - outro significado à luz de seu novo amor. No fundo, pode até continuar gostando - do marido ou da mulher justamente por estar apaixonada. A alegria desse amor a torna - dócil, meiga, boa. É geralmente a outra pessoa enamorada que não aceita esse - fato, que não acredita nele. - - -- pág. 19 - - Por exemplo, ele diz que me ama, mas não me leva com ele na sua vida, - coloca-me à parte do seu trabalho; quando ele viaja, não viaja comigo; - quer confinar-me à figura da amante que se encontra que se encontra de - vez em quando, da amante silenciosa que ama à sombra. Ele continua a ser - o mesmo, não pôe em risco suas relações, mantendo-as todas. Eu tenho de - ser somente seu refúgio secreto, devo reduzir minha vida a um esperar - que venha quando bem quiser, de acordo com as regras que se atribui. - Não, não posso aceitar isso; para mim, isso é um não-viver. Para outra - mulher, poderia ser, teria sido também para mim no passado, mas agora não. - Agora quero uma vida plena. Agora peço-lhe coisas: ''Posso ir com você?'' - Minha pergunta é uma prova. Se responde que não, quer dizer que me afasta - para onde eu não posso existir. - - -- pág. 61 - - No início, vai procurar lutar, conquistá-lo com o fascínio, com todos os - cuidados e dedicação, mudando sua própria maneira de ser, mas quando - compreender que o ser amado não o ama mais, não lhe resta mais nada a - fazer senão empunhar a espada da separação. A força que lhe resta permite-lhe - cortar as mãos que se estendem até esse ser querido, cegar os olhos que o - procuram por toda a parte. Pouco a pouco, para não mais desejar a quem amou, - deverá encontrar nele razões para se desenamorar; deverá procurar refazer - o que viveu, cobrindo de ódio tudo aquilo que foi. O ódio será sua tentativa de - destruir o passado, mas é um ódio impotente - - -- pág. 67 |