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diff --git a/books/amor/arte.md b/books/amor/arte.md deleted file mode 100644 index 48493ea..0000000 --- a/books/amor/arte.md +++ /dev/null @@ -1,83 +0,0 @@ -[[!meta title="A Arte de Amar"]] - -* Autor: [Erich Fromm](https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm). -* Ano: 1956. -* [Íntegra](http://estudioterraforte.com.br/wp-content/uploads/2013/07/arte-de-amar.pdf). - -## Trechos - - O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem, - consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de - seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a - consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido - sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de - morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua - solidão e separação, de sua impotência ante as forças da natureza e da - sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão - insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e - alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o - mundo exterior. - - -- 15 - - a união com o grupo é o modo predominante de superar a - separação, É uma união em que o ser individual desaparece em ampla escala, - em que o alvo é pertencer ao rebanho. Se sou como todos os mais, se não - tenho sentimentos ou pensamentos que me façam diferentes, se estou em - conformidade com os costumes, idéias, vestes, padrões do grupo, estou salvo; - salvei-me da terrível experiência da solidão. - - -- 18 - - não importando que esse uso fosse cruel ou “humano”. - Na sociedade capitalista contemporânea, o significado de igualdade - transformou-se. Por igualdade, faz-se referência à igualdade dos autômatos, - dos homens que perderam sua individualidade. Igualdade, hoje significa - “mesmice”, em vez de “unidade”. É a mesmice das abstrações, dos homens - que trabalham nos mesmos serviços, têm as mesmas diversões, lêem os - mesmos jornais, experimentam os mesmos sentimentos e as mesmas idéias. - - [...] - - A sociedade contemporânea advoga esse ideal de igualdade não individualizada, - porque necessita de átomos humanos, cada qual o mesmo, a fim de fazê-los - funcionar numa agregação de massa, suavemente, sem fricções, obedecendo todos - ao mesmo comando e, contudo, convencido cada qual de estar seguindo seus - próprios desejos. Assim como a moderna produção em massa exige a padronização - dos artigos, também o processo social requer a padronização do homem, e tal - padronização é chamada “igualdade”. - - -- 20 - - Mesmo seu funeral, que ele antevê como o último de seus grandes eventos - sociais, está em estreita conformidade com os padrões. Além da conformidade - como meio de aliviar a ansiedade que nasce da - - -- 21 - - Quase não é necessário acentuar o fato de que a capacidade de dar - depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Pressupõe o alcançamento - de uma orientação predominantemente produtiva; nessa orientação a pessoa - superou a dependência, a onipotência narcisista, o desejo de explorar os - outros, ou de amealhar, e adquiriu fé em seus próprios poderes humanos, - coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos. No mesmo grau em - que faltarem essas qualidades é ela temerosa de dar-se — e, portanto, de amar. - - -- 27 - - Cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento são mutuamente - interdependentes. Constituem uma síndrome de atitudes que vamos encontrar - na pessoa amadurecida, isto é, na pessoa que desenvolve produtivamente seus - próprios poderes, que só quer ter aquilo por que trabalhou, que abandonou os - sonhos narcisistas de onisciência e onipotência, que adquiriu humildade - alicerçada na força íntima somente dada pela genuína atividade produtiva. - - -- 31 - - Problema: considera o homossexualismo como desvio e fracasso. - - -- 32 - - Segurança, prisão. - - -- 93 diff --git a/books/amor/dor.md b/books/amor/dor.md deleted file mode 100644 index 70052cf..0000000 --- a/books/amor/dor.md +++ /dev/null @@ -1,104 +0,0 @@ -[[!meta title="O Livro da Dor e do Amor"]] - -* Autor: J. D. Nasio. -* Ano: 210. -* Editora: Zahar. - -## Trechos - - A imagem do ser perdido não deve se apagar; pelo - contrário, ela deve dominar até o momento em que — graças ao luto - — a pessoa enlutada consiga fazer com que coexistam o amor pelo - desaparecido e um mesmo amor por um novo eleito. Quando essa - coexistência do antigo e do novo se instala no inconsciente, podemos - estar seguros de que o essencial do luto começou. - - -- 13 - - Eu também estava surpreso de ter - expresso espontaneamente, em tão poucas palavras, o essencial da - minha concepção de luto, segundo a qual a dor se acalma se a pessoa - enlutada admitir enfim que o amor por um novo eleito vivo nunca - abolirá o amor pelo desaparecido. - - -- 14 - - dar um sentido à dor do outro significa, para o psicanalista, - afinar-se com a dor, tentar vibrar com ela, e, nesse estado de resso- - nância, esperar que o tempo e as palavras se gastem. - - -- 16 - - Ao longo destas páginas, gostaria de transmitir o que eu próprio aprendi, - isto é, que a dor mental não é necessariamente patológica; ela baliza - a nossa vida como se amadurecêssemos a golpes de dores sucessivas. - - -- 17-18 - - Para quem pratica a psicanálise, revela-se com toda a evidência — - graças à notável lente da transferência analítica — que a dor, no coração - do nosso ser, é o sinal incontestável da passagem de uma prova. Quando - uma dor aparece, podemos acreditar, estamos atravessando um limiar, - passamos por uma prova decisiva. Que prova? A prova de uma - separação, da singular separação de um objeto que, deixando-nos súbita - e definitivamente, nos transtorna e nos obriga a reconstruir-nos. - - -- 18 - - O luto - do amado é, de fato, a prova mais exemplar para compreender a natureza - e os mecanismos da dor mental. Entretanto, seria falso acreditar que a - dor psíquica é um sentimento exclusivamente provocado pela perda de - um ser amado. Ela também pode ser dor de abandono, quando o amado - nos retira subitamente o seu amor; de humilhação quando somos - profundamente feridos no nosso amor-próprio; e dor de mutilação - quando perdemos uma parte do nosso corpo. Todas essas dores são, - em diversos graus, dores de amputação brutal de um objeto amado, ao - qual estávamos tão intensa e permanentemente ligados que ele regulava - a harmonia do nosso psiquismo. A dor só existe sobre um fundo de amor. - - -- 18 - - Antes de tudo, a dor é um afeto, o derradeiro - afeto, a última muralha antes da loucura e da morte. Ela é como que - um estremecimento final que comprova a vida e o nosso poder de nos - recuperarmos. Não se morre de dor. Enquanto há dor, também temos - as forças disponíveis para combatê-la e continuar a viver. É essa noção - de dor-afeto que vamos estudar nos primeiros capítulos. - - -- 19-20 - - Quer se trate de uma dor corporal provocada por uma lesão dos - tecidos ou de uma dor psíquica provocada pela ruptura súbita do laço - íntimo com um ser amado, a dor se forma no espaço de um instante. - Entretanto, veremos que a sua geração, embora instantânea, segue um - processo complexo. Esse processo pode ser decomposto em três tem- - pos: começa com uma ruptura, continua com a comoção psíquica que - a ruptura desencadeia, e culmina com uma reação defensiva do eu para - proteger-se da comoção. Em cada uma dessas etapas, domina um - aspecto particular da dor. - - -- 20 - - Como diferencia ele cada um desses afetos? Propõe o - seguinte paralelo: enquanto a dor é a reação à perda - efetiva da pessoa amada, a angústia é a reação à - ameaça de uma perda eventual. - - -- 27 - - Mas qual é essa reação? Diante do transtorno pul- - sional introduzido pela perda do objeto amado, o eu - se ergue: apela para todas as suas forças vivas — - mesmo com o risco de esgotar-se — e as concentra - em um único ponto, o da representação psíquica do - amado perdido. A partir de então, o eu fica inteira- - mente ocupado em manter viva a imagem mental do - desaparecido. Como se ele se obstinasse em querer - compensar a ausência real do outro perdido, magnifi- - cando a sua imagem. O eu se confunde então quase - totalmente com essa imagem soberana, e só vive - amando, e por vezes odiando a efígie de um outro - desaparecido. - - -- 28 diff --git a/books/amor/enamoramento.md b/books/amor/enamoramento.md deleted file mode 100644 index 9776a64..0000000 --- a/books/amor/enamoramento.md +++ /dev/null @@ -1,63 +0,0 @@ -[[!meta title="Enamoramento e Amor"]] - -* Autor: Franceso Alberoni. -* Editora: Rocco. -* Ano: 1988. -* [Versão inglesa](http://www.fallinginlovecenter.it/falling_inlove_center_download.asp). - -## Trechos - - Em todos os períodos históricos que antecedem um movimento social, - em todas as histórias pessoais que antecedem um enamoramento, há - sempre uma grande preparação em consequência de uma mutação, de uma - deterioração nas relações com as coisas amadas. Nesses períodos, os - velhos mecanismos, o de depressão e o de perseguição, continuam - funcionando. Protegemos com toda a força o nosso ideal, escondendo - o problema. A consequência é que o movimento coletivo (o enamoramento) - golpeia sempre de improviso. Era uma pessoa tão gentil e afetuosa, diz - o marido (ou a mulher) abandonado. Era tão feliz comigo, pensa. Na - realidade, ela já estava procurando uma alternativa, só que a rejeitava - obsessivamente. - - -- págs. 16-17 - - As pessoas enamoradas (e muitas vezes ambas conjuntamente) revêem o passado - e se dão conta de que o que aconteceu foi assim porque, naquele momento, - fizeram opções, que elas quiseram e agora não querem mais. O passado - não é negado nem oculto, é privado de valor. É verdade que amei e odiei meu marido, - mas não o odeio mais; enganei-me, mas posso mudar. Então o passado se configura - como pré-história, e a verdadeira história começa agora. Desse modo terminam - o ressentimento, o rancor e o desejo de vingança. [...] Seu passado adquiriu - outro significado à luz de seu novo amor. No fundo, pode até continuar gostando - do marido ou da mulher justamente por estar apaixonada. A alegria desse amor a torna - dócil, meiga, boa. É geralmente a outra pessoa enamorada que não aceita esse - fato, que não acredita nele. - - -- pág. 19 - - Por exemplo, ele diz que me ama, mas não me leva com ele na sua vida, - coloca-me à parte do seu trabalho; quando ele viaja, não viaja comigo; - quer confinar-me à figura da amante que se encontra que se encontra de - vez em quando, da amante silenciosa que ama à sombra. Ele continua a ser - o mesmo, não pôe em risco suas relações, mantendo-as todas. Eu tenho de - ser somente seu refúgio secreto, devo reduzir minha vida a um esperar - que venha quando bem quiser, de acordo com as regras que se atribui. - Não, não posso aceitar isso; para mim, isso é um não-viver. Para outra - mulher, poderia ser, teria sido também para mim no passado, mas agora não. - Agora quero uma vida plena. Agora peço-lhe coisas: ''Posso ir com você?'' - Minha pergunta é uma prova. Se responde que não, quer dizer que me afasta - para onde eu não posso existir. - - -- pág. 61 - - No início, vai procurar lutar, conquistá-lo com o fascínio, com todos os - cuidados e dedicação, mudando sua própria maneira de ser, mas quando - compreender que o ser amado não o ama mais, não lhe resta mais nada a - fazer senão empunhar a espada da separação. A força que lhe resta permite-lhe - cortar as mãos que se estendem até esse ser querido, cegar os olhos que o - procuram por toda a parte. Pouco a pouco, para não mais desejar a quem amou, - deverá encontrar nele razões para se desenamorar; deverá procurar refazer - o que viveu, cobrindo de ódio tudo aquilo que foi. O ódio será sua tentativa de - destruir o passado, mas é um ódio impotente - - -- pág. 67 diff --git a/books/amor/liquido.md b/books/amor/liquido.md deleted file mode 100644 index 15f1c5c..0000000 --- a/books/amor/liquido.md +++ /dev/null @@ -1,46 +0,0 @@ -[[!meta title="Amor Líquido"]] - -* Autor: Zygmunt Bauman. -* Editora: Zahar. -* Ano: 2008. - -## Trechos - -* Ratos, 20. -* Amor e criatividade, 21. -* Amor, doação, alteridade, 24. -* Economia moral, criatividade, rotina, anarquia, 93-96: - - São essas as capacidades que constituem os esteios da "economia moral" - - cuidado e auxílio mútuos, viver _para_ os outros, urdir o tecido dos - compromissos humanos, estreitar e manter os vínculos inter-humanos, traduzir - direitos em obrigações, compartir a responsabilidade pela sorte e o bem-estar - de todos - indispensável para tapar os buracos escavados e conter os fluxos - liberados pelo empreendimento, eternamente inconcluso, da estruturação. - - [...] - - Os principais alvos do ataque do mercado são os seres humanos _produtores_. - Numa terra totalmente conquistada e colonizada, somente _consumidores_ - humanos poderiam obter permissão de residência. [...] O Estado obcecado - com a ordem combateu (correndo riscos) a anarquia, aquela marca registrada - da _communitas_, em função da ameaça à rotina imposta pelo poder. O mercado - consumidor obcecado pelos lucros combate essa anarquia devido à turbulenta - capacidade produtiva que ela apresenta, assim como apo potencial para a - autossuficiência que, ao que se suspeita, crescerá a partir dela. É porque - a economia moral tem pouca necessidade do mercado que as forças deste se - levantam contra ela. - - -- 96 - -* Jogo, descartabilidade do humano, 111. -* David Harvey, política local/global, 124. -* Filantropia, verdade, Hannah Arendt, 179. -* Diálogo, jogo, discussão 181. -* Finale: - - Na era da globalização, a causa e a política da humanidade compartilhada - enfrentam a mais decisiva de todas as fases que já atravessaram em sua longa - história. - - -- 185 diff --git a/books/amor/poesia-sabedoria.md b/books/amor/poesia-sabedoria.md deleted file mode 100644 index 8ade9af..0000000 --- a/books/amor/poesia-sabedoria.md +++ /dev/null @@ -1,5 +0,0 @@ -[[!meta title="Amor, poesia, sabedoria"]] - -* Autor: Edgar Morin. -* Editora: Bertrand Brasil. -* Ano: 2008. diff --git a/books/amor/tesao.md b/books/amor/tesao.md deleted file mode 100644 index 29c2d2a..0000000 --- a/books/amor/tesao.md +++ /dev/null @@ -1,435 +0,0 @@ -[[!meta title="Sem tesão não há solução"]] - -* Autor: Roberto Freire. -* Editora: Guanabara. -* Ano: 1987. - -## Assuntos - -* Tesão: versão expandida do conceito de `awareness`, com alegria, prazer e beleza. -* Em geral é bem interessante, apesar de alguns conceitos que considero desnecessários: - * Uso de argumentos baseados na genética biológica (por exemplo na página 36). - * Inconsciente Coletivo (pág. 23). - * Que a "posse e domínio sobre os outros homens" passou a ser preferido com a agricultura e domesticação de animais (pág. 32). - -## Trecho - - A vida, para mim, não tem qualquer sentido. Ter nascido, estar vivo, ser eu - mesmo o centro do Universo em termos de consciência, tudo isso eu sinto apenas - como um fascinante, incompreensível e indesvendável mistério. - - Não pedi e não escolhi de quem, por que, onde e quando nascer. Da mesma forma - não posso decidir quando, como, onde, de que e por que morrer. Essas coisas me - produzem a sensação de um imenso e fatal desamparo, uma insegurança existencial - permanente. - - O suicídio poderia ser uma contestação ao que estou afirmando, supondo-se que - através dele posso decidir se quero ou não viver, que tenho algum poder sobre a - vida. Mas quem me garante que o suicídio é realmente um ato voluntário? - Acredito - - -- 19 - - Poder, hierarquia, perversão, crueldade, sadomasoquismo, paranóia, dor-prazer de mandar. - - -- 30 - - Parece, à primeira vista, sobretudo para os que ainda o tem enrustido e - reprimido, não ser fácil disciplinar o tesão. Sem dúvida, mas para entender - isso direito faz-se necessário primeiro investigar os conceitos de disciplina, - responsabilidade e imaturi- dade para os protomutantes. Penso que não existe - nada tão rigidamente disciplinado quanto as forças da Natureza que produzem o - dia e a noite, as marés, as ondas do mar, as chuvas, os ventos, a vida vegetal - e animal, as estações. Tudo no Universo obedece a um tipo de disciplina rígida, - mas contraditória também. - - [...] - - Isto quer dizer que na Natureza, fazendo uma comparação com a criação musical, - a vida se organiza num modelo rítmico mais ou menos rígido de tempo e de - espaço, mas é todo livre o seu tesão, que varia segundo as circunstâncias - produzidas por variáveis para nós imperceptíveis e que geram sempre novas e - originais melodias e harmonias. O sol se põe diariamente, mas nunca o - crepúsculo se apresenta igual, no mesmo horário e no mesmo lugar. Nem sua - - -- 38 - -Será que a oposição a seguir é necessária?: - - A atitude relativista — a busca do tesão e o comportamento lúdico dos - protomutantes em seu cotidiano libertário — pode ser encarada como imaturidade - e irresponsabilidade pelos tradicionalistas. As pessoas sérias e que vivem sob - e no controle de valores absolutos, colocam o dever antes do prazer ou o dever - em lugar do prazer. Talvez o único prazer possível para eles seja a sensação - aliviada e orgulhosa do dever cumprido a qualquer custo. Essa atitude perante a - vida convencionou-se chamar de comportamento responsável, que é exatamente o - contrário, na teoria e na prática, do comportamento tesudo. - - -- 39 - - Tudo isso foi dito para afirmar que o uso da palavra responsabilidade é algo - indevido e impróprio, porque ela não significa qualquer ato moral, atestando - sua capacidade de cumprir obrigações e deveres, como também não designa pessoa - confiável e disciplinada. A origem latina da palavra responsabilidade - significa apenas a capacidade de dar resposta e, supõe-se, capacidade de dar - respostas adequadas, próprias, originais e satisfatórias a estímulos que se - recebe. Claro que cada resposta reproduz nossa ética, nossa ideologia, nossa - psicologia. Em síntese, quero dizer que ser mais ou menos responsável - corresponde à relação dialética entre o nosso medo e o nosso tesão no viver - cotidiano. - - -- 40 - - Já se viu alguma forma de vida e de trabalho escravo à qual o homem foi - submetido, na qual lhe tenha sido negado o direito a uma companhia para o afeto - e para o sexo? Um mínimo de afeto, qualquer possibilidade de satisfação sexual, - além de procriação garantida, mesmo nas condições mais miseráveis e sórdidas, - parecem suficientes para garantir a circulação da energia vital necessária no - corpo das pessoas e para alimentar a sua ilusão de felicidade. Ilusão que - justificaria o fato do homem se submeter à escravidão. Essa capacidade de - resistir vivo, mesmo como escravo, não pode ser explicada sem se recorrer ao - poder da fé, do qual o poder do amor seria apenas uma subsidiária ou uma - eventual encarnação. - - -- 46 - - Arte, beleza, estética. - - -- 57-74 - - Eu gosto muito da geração hippie, e sei distinguir o joio do trigo. Sei onde - está a neurose e a sacanagem do hippie, e a verdade dele. Pra mim o hippie - certo é o sujeito que se nega a participar da sociedade de consumo, sem deixar - com isso de participar da história da humanidade. Conheço vários hippies, em - todos os campos: letras, ciências, artes, filosofia, etc., que se negam a - participar da sociedade de consumo mas não param de criar, de lutar. O que não - faz nada, só está na dele, esse é o sacana, porque termina sendo um parasita - dos consumistas. - - -- 99-100 - - Conheço casos de pais que batiam nos filhos dizendo que faziam isso para evitar - que os filhos apanhassem da polícia. - - -- 109 - - RF. — Nos anos 60 houve o movimento hippie, as manifestações de 68 na França, - mas todas as questões colocadas na época foram absorvidas pelo consumo. Houve - então uma grande frustração. Não vejo hoje um processo que determine que - devemos mudar nossa maneira de vestir, nossos cabelos, pois isso é muito - superficial. Mesmo com nossas calças jeans, dentro desse sistema, podemos ser - revolucionários. - - Outro fator foram as falências, tanto dos modelos capitalistas quanto dos - socialistas autoritários. Nenhum deles ousou romper com a estrutura da família, - conservando-a como célula autoritária, o que permitiu a manutenção de governos - autoritários. Bakunin, um anarquista, foi exilado logo após a Revolução Russa. - Mesmo os revolucionários temiam a visão anarquista. Conheci nos tempos da luta - armada diversos companheiros que davam a vida pelo socialismo na luta, mas eram - tiranos com suas mulheres e seus filhos. Se tomassem o poder, que sociedade - iriam propor? Hoje a juventude tem consciência da falência dessas soluções. - - -- 110 - - Por segurança financeira quero dizer também uma certa estabilidade social; toda - vez que eu mudei de profissão eu tive de, duramente, iniciar do zero. - Entretanto, agindo assim, chega um certo período da sua vida em que se você - tentou várias coisas, você terá três ou quatro possibilidades de trabalho. - - -- 126 - - P. — Como fica a pessoa que incorpora o senso comum, isto é, a pessoa que se - limita em favor de uma segurança financeira e de uma aceitação social, mesmo - adivinhando outras possibilidades? - - RF. — Este é o ponto mais grave. Eu sou terapeuta e posso dizer que 80% dos - meus clientes têm problemas psicológicos por não estarem fazendo o que - gostariam de fazer. As pessoas fazem, convencidas pelas suas famílias, o que o - meio social prefere; isto de fazer o que é imposto provoca nessas pessoas um - grande sofrimento, que muitas vezes estoura fora do trabalho, estoura em sexo, - em agressividade, em equilíbrio mental. - - [...] - - Numa sociedade como a nossa, com esta família autoritária e cumpridora das - normas do Estado, as pessoas sensíveis, cujo projeto de vida não está dentro do - que espera o meio social, sofrerão muita repressão; e esta é uma repressão - muito danosa, pois é castrativa. Uma pessoa que não faz o que precisa fazer, - tende a adoecer, perde, no mínimo, a identidade e o auto-respeito. - - -- 127 - - Uma pessoa livre é uma pessoa altamente solidária, à medida que fica mais livre - fica menos egoísta, necessita mais dos outros. Enquanto egoísta, não percebe - nem os outros e nem a sociedade. Ela vive realmente muito voltada para si, em - busca de soluções para o seu sofrimento ou apenas amarga, impotente. - - -- 143 - - É preciso nunca esquecer que uma pessoa neurótica e que procura terapia ainda - está viva e ainda pode ser salva. Seus sintomas são seus gritos de socorro, - porque ainda querem ser elas mesmas e estão dispostas a lutar contra o que as - reprime. As demais, são as que já se submeteram. As outras são as que - enlouqueceram e vivem internadas ou são as que se matam. - - -- 147 - -## Amor - - Em síntese, é o seguinte: pros jovens terem o amor de que necessitam pra amar e - criar, têm de enfrentar toda a estrutura em que vivem, a familiar, a social, os - preconceitos e tradições, etc. - - [...] - - As colocações tradicionais do tipo amor-pra- sempre, - até-que-a-morte-nos-separe, etc., são as grandes fórmulas de escravização de - uma pessoa às outras. Pra ter grana de sustentação, o casal tem de fazer tudo o - que a estrutura quer. Acho que temos de educar os filhos e alunos a não - aceitar nenhuma dessas regras. Romper com as coisas significa fazer o que se - tem necessidade e não o que é imposto. Deixar o cabelo crescer, deixar a escola - se ela for quadrada. Devemos chuchar a leitura neles, para se complementarem. - Não se pode forçá-los a nada. Deve-se dizer a eles que rompam com o que não - estiver dando. Não está dando? Deixe de lado a amizade, o trabalho, a mulher, a - família. Não fique com nada que não esteja dando, pois senão você se estrepa. - Sinto na pele como, pra nossa geração, isso é difícil. - - -- 99 - - Dentro da minha visão, acho o casamento um absurdo. Eu gostaria de falar sobre - o acasalamento, porque quanto ao casamento eu só quero que acabe, que não - exista mais, porque o casamento é uma das grandes fontes de destruição do amor. - Mas o acasalamento é indispensável. Acho que as novas formas de acasalamento - que hoje estão sendo pesquisadas pela juventude no mundo são a medida das - transformações atuais na história do homem. Porque não acredito que haverá - modificação alguma nesta fase da história do homem se não se modificarem as - regras de funcionamento e os objetivos da família. - - -- 115-116 - - O que acho mais bonito e vejo no amor dos casais revolucionários é como eles o - vivem de forma lúdica, brincando e jogando sempre. A ludicidade é a mãe do - tesão e, ao mesmo tempo, o pai da criatividade. É o processo de criação, no - amor, que garante a sua sobrevivência. - - - 118 - - Acho interessantes as relações de suplementação entre os casais porque nós - estamos acostumados a buscar no outro algo que nos complete. Isso para mim é um - grande erro, porque a grande novidade que eu estou vendo é as pessoas não - precisarem nada uma das outras para que o amor seja realmente uma troca de - emoções, de delícias, de encantamentos e não apenas um quebra-galho onde um dá - força para a fraqueza do outro. As pessoas se encontram para brincar, para ler - juntas, para fazer - - -- 119 - -## Felicidade e alegria - - A grande decepção dos amantes que buscam a felicidade (estado de prazer - permanente, institucionalizado) através do amor é produzida pela sua - incapacidade em aceitar que, como todas as coisas vivas, o amor também tem um - começo, um meio e um fim. Nem seu tempo, nem seu espaço e nem o seu tesão - podem ser determinados e controlados por razão da vontade e pela força de - poder. Assim, às vezes somos obrigados a perder um amor precocemente, ou a ter - de suportá-lo desnaturado, moribundo ou mesmo morto. Só a liberdade e a - autonomia nos ensinam a aceitar biológica e humanamente o tempo, o espaço e o - tesão das coisas vivas. - - Creio já ter conseguido expor todas as razões que me levam a concluir ser a - felicidade algo impossível de se atingir sem a deformação biológica e - psicológica do ser humano e, mesmo quando isso é realizado, não se trata de - prazer saudável e libertário o que se conseguiu, mas, exatamente, a sua - contrafação: o poder autoritário e patológico. Logo, definitivamente, a - felicidade é uma coisa impossível de ser alcançada. Em verdade, acho que ela - não existe e nem é, sequer, necessária. Penso mesmo que sua ideologia deve ser - fortemente combatida tanto como estratégia política ou como delírio religioso e - patológico, produzidos ora pela fome e ora pelo desespero, tanto pela miséria - quanto pela carência amorosa, mas sempre, em quaisquer situações, manipulados - pela paranóia autoritária do poder. - - -- 48 - - Mas, felizmente, apesar de tudo, estamos com a vida do nosso lado e eles, os - profetas da Felicidade, algum dia também compreenderão que sem tesão não há - mesmo solução. Mas, ainda alucinados e insaciáveis, estão muito longe de se - convencer, como nós, modesta e espertamente, que em lugar de qualquer tipo de - felicidade aqui e no além, buscamos simples e naturalmente a alegria. Alegria, - coisa tão incerta como o vento, que tem dia que vem, dia que não vem, que às - vezes é tão forte que vira tufão, outras parece apenas brisa suave, que pode - vir do sul ou do norte, do leste ou do oeste, mas que vem, queiramos ou não, na - hora ou no jeito que bem entender. - - -- 50 - - Falo de alegria entendida como a expressão gostosa, saborosa, orgástica e - encantada do funcionamento satisfatório e equilibrado de nossa energia vital no - plano físico, emocional, psicológico, afetivo, sensual, ético, ideológico e - espiritual. Tudo isso significa também metabolismo, num sentido amplo. - - -- 51 - -## Psicanálise - - Nascida profundamente do pensamento pessimista, de triste, um homem amargo e - genial, mas ressentido, a Psicanálise reflete as características da história da - religião e da raça judaica no mundo. Sigmund Freud era um homem que, segundo - seu discípulo Wilhelm Reich, permitia-se pouca convivência com o prazer, com a - beleza e com a alegria lúdicos da existência comum, o que provam suas obras - principais. Afirmar a existência, no homem, de um instinto de morte, é supor - ser a morte um mal, algo destrutivo e não simplesmente a ausência, o fim da - vida. A sua afirmação de que a morte é uma entidade equivalente à da vida, - parece coisa mais de sua formação religiosa que da científica, pois ela sujeita - o homem aos poderes políticos (via religião ou via ciência) para ser exorcizado - do mal inerente à sua natureza imperfeita. Isso os torna incompetentes e - perigosos para a vida social, sem proteção, tutela e controle permanentes. - Enfim, dependência, resultante da suposição de sua incapacidade natural para a - autonomia e a autodeterminação. - - Vivendo em sistemas políticos autoritários, aos quais tanto religião como - ciência estão ligados, associados e dependentes, a visão trágica da existência - é um dos suportes ideológicos mais poderosos e úteis para a sua manutenção. - Assim, por exemplo, a análise infinita e inútil do complexo de Édipo. Para mim, - não passa de um exercício de poder, tentativa de sujeição ao poder do pai, bem - como ao do analista. Édipo, personagem da tragédia grega, que arranca os - próprios olhos como punição para aliviar o sentimento de culpa por ter transado - sexualmente com uma mulher que desconhecia ser sua mãe, mostra claramente como - Freud, ao adotá-lo para simbolizar o complexo por ele descoberto, necessitava - do sentimento trágico da existência para justificar a crença de que a vida - lúdica dos homens estará inexoravelmente sujeita ao controle e punição por - parte dos poderes autoritários e deuses antropomórficos, criados e utilizados - por seus representantes na Terra. - - -- 26-27 - - Meu analista fez um esforço total para eu poder projetar meu pai nele e - conseguiu, era um grande analista vienense. Mas o que me incomodava mais não - eram os problemas teóricos, era a impossibilidade de viver a vida. Você ficar - trancado das oito da manhã às sete da noite num consultório fechado, ouvindo as - mesmas pessoas todos os dias, é um negócio muito doloroso. - - -- 149 - -## Individual e coletivo - - E dentro da consciência de cada pessoa e a cada instante, a realidade estará - sendo vista e percebida através de movimentos contraditórios como na dialética - tradicional, mas os protomutantes não vão se satisfazer com os estágios - provisórios que forem sendo atingidos. Eles vão querer superá-los sempre: negar - ao mesmo tempo o que afirmam e combater o que acabam de provar. Sua consciência - será polar. Mas polar no sentido de que num extremo está a sua tendência - natural social, que impele a pessoa a se integrar no meio ambiente em que vive - e que forma a extensão externa mais imediata de seu universo. E, no outro - extremo, está a sua outra tendência, também primária e natural, de se afirmar - como individualidade, com realidade e identidade próprias. A sua sabedoria não - consiste em colocar o barco ideológico e moral no rumo do meio-termo, mas saber - quando é a hora de se associar aos outros e quando é o momento de se - distanciar, quando é o tempo de pensar em si mesmo e quando é a hora de - esquecer de si. - - Esse “quando é a hora”, que constitui o núcleo da sabedoria do protomutante, - está sempre ligado (no sentido de atento) e atuando de modo permanente. Ele só - pode ser explicado como produto do tesão regulando e harmonizando a relação do - espaço e do tempo na vida das pessoas livres. Assim, constatando que o - protomutante se orienta fundamentalmente por seu tesão, concluímos que terá de - ser lúdico o seu viver cotidiano, que vai combater por pura vocação todas as - formas de autoritarismo, que seu prazer serve mesmo é para amar e para criar, - que sempre vai encontrar um jeito potente e competente para se associar e - conviver, para ser amigo, para ser amante e companheiro, para ser cúmplice e - solidário com as pessoas que seleciona ao sabor das ondas e marés do seu - encantado tesão cotidiano. - - -- 35 - -## Organização - - Refiro-me à relação misteriosa e dinâmica entre o todo e as partes, existente - na essência e na estrutura das coisas vivas. O seu todo é muito mais e outra - coisa que a simples soma e a superposição das suas partes. Cada parte viva, - resumida até o limite da unidade, contém em si, de modo sintético, cifrado e em - potencial, o que é e significa o todo a que pertence. Da relação dinâmica entre - o todo e as partes, surge a energia que sintetiza e cifra o potencial da vida - nas partes e que se revela, se expande e se integraliza na organização do todo. - - Estou falando, por exemplo, do mistério que produz nas sementes vegetais a - presença dos potenciais da árvore adulta e, inclusive, o potencial desta - produzir novas sementes da mesma espécie que, quando germinadas, produzirão - árvores adultas, mas originais e diversas das que as geraram. - - -- 22 - - Além disso, o relativismo explica também a naturalidade existente na atividade - lúdica do homem novo em sua vida cotidiana. O jogar e o brincar adultos - traduzem nossa vocação para criar e amar, bem como a de lutar, também - ludicamente, para nos garantir a liberdade relativa de amar criativamente e de - criar amorosamente. - - Logo, o relativismo assim compreendido e assumido afasta qualquer necessidade - de poder hierarquizado e autoritário na organização das relações interpessoais, - familiares e sociais, sobretudo de poderes que pretendem ser absolutos. - - -- 29-30 - - Como se poderia entender o significado da liderança em associações nas quais - não estaria existindo nenhuma forma de autoritarismo? Para isso vamos nos - socorrer da genética que explica o conceito protomutante de “diferença”, um dos - pilares de sua ideologia anarquista: a natureza necessita que os homens não - sejam iguais uns aos outros, a fim de poder ampliar a amostragem e as - alternativas na dinâmica da seleção natural. - - [...] - - Acredito que inteligência e criatividade possuem algo em - comum, mas nenhuma delas é apenas isto: capacidade de - solucionar o mais rápida e satisfatoriamente possível problemas - novos e inéditos. - - -- 36 - -Interessante, exceto pela repartição não-igualitária de "benefícios e lucros", -o que pode ser entendido como uma falta de generosidade (modelo da regulação -por trocas versus desregulação da doação): - - Considero, pois, a liderança algo que é, além de emergente, também - circunstancial, temporária, descartável e recorrível. Até as lideranças - emergentes se tornam autoritárias se se estratificam, se se impõem e se tornam - estáveis, estáticas, únicas e permanentes. Sendo assim, na organização da vida - social dos - - Sendo assim, na organização da vida social dos protomutantes até os exercícios - do prazer e do poder de liderança se enquadram no relativismo lúdico geral da - vida, tornando-se assim um grande tesão ser líder e ser liderado dessa forma. - Como os protomutantes só podem se associar de forma anárquica, tanto para - conviver quanto para produzir, a sua dinâmica organizativa, além de funcionar - através de uma dialética ecológica, irá também descobrir maneiras originais e - específicas de funcionamento em autogestão. Isto quer dizer que a sua produção - é projetada, organizada, financiada, gerida, controlada e utilizada por quem - produz, recaindo seus benefícios e seus lucros de modo proporcional à qualidade - e à quantidade de trabalho criativo realizado por cada produtor. A decisão a - esse respeito é tomada por todos aqueles que produzem. - - -- 37 - -## Autoritarismo - - Então, foi justamente convivendo com essas famílias que pude descobrir o quanto - éramos autoritários, apesar de estarmos arriscando nossas vidas no combate ao - autoritarismo da direita brasileira. Falo do autoritarismo na relação com a - companheira ou com o companheiro, na relação com os filhos, na relação com os - demais companheiros fora do campo de luta. Eu, nessa época, já me escandalizara - com meu machismo disfarçado e me submetia à Somaterapia. Alguns desses - companheiros, como eu, acabaram por sacar essa contradição absurda e, - inclusive, submeteram-se também à Soma, em sessões individuais ou em grupos, - nestes arriscando-se enormemente, pois trabalhávamos de madrugada, em lugares - variados e sob severo sistema de segurança, que nem sempre funcionava. Eu - ficava pensando que a violência autoritária da direita sobre a gente era a - contrapartida do medo que tinham da violência do nosso autoritarismo de - esquerda. Nós queríamos o poder, nós e eles, para exercer a mesma atitude - política de posse, domínio, controle e mando na individualidade do outro, - sobretudo através da prioridade e prevalência de um social abstrato sobre um - pessoal concreto, assim como se quem tivesse o poder era o dono e o - representante do social, ao que todas as pessoas tinham de se submeter. O - abstrato do social tornava-se coisa concreta nas pessoas que encarnavam o - poder. E o poder assim instituído só pode ser de cima para baixo e arbitrário. - - -- 134 |