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| diff --git a/books/filosofia/metodo.mdwn b/books/filosofia/metodo.mdwn index eb9d99d..d5e5fa8 100644 --- a/books/filosofia/metodo.mdwn +++ b/books/filosofia/metodo.mdwn @@ -314,9 +314,11 @@ poderia atacar a si mesmo.  ### Computo ergo sum +* Computação, "com-puter": examinar, avaliar, estimar supor ("puter") em cojunto, ligando ou confrontando aquilo que está separado, separando ou dissociando aquilo que está ligado ("com") (183).  * Autos: idem e ipse (196).  * Eu: auto-referência subjetiva do ser vivo (190).  * Mim: auto-referência objetiva do ser vivo (190). +* Vida: auto-computante: computa a si mesma.      O cogito começa a aparece como um anel espiral. @@ -338,3 +340,56 @@ poderia atacar a si mesmo.      do sujeito consciente.      --- 204, 205 + +    O computo não "penssa" de modo ideal, isto é, isolável. "Pensa" (computa) de +    modo organizacional. O computo concerne o "eu sou", não no plano da consciência +    ou da representação, mas no plano da produção/geração/organização. Não existe +    certamente constituição de sujeito consciente ao nível da "Escherichia coli". +    Mas, talvez, constituição do sujeito puro e simples no e pelo "computo". + +    -- 207 + +    Como Piaget indicou, freqüentemente a organização do conhecimento humano +    constitui um desenvolvimento original da organização biológica e, por +    conseguinte, "existem funções gerais comuns aos mecanismos orgânicos e +    cognitivos" (Piaget, 1967, p. 206).  Neste sentido, "o funcionamento cerebral +    exprime ou prolonga formas muito gerais e não particulares de organização +    (biológica)" (Piaget, 1967, p. 545). Podemos pois dizer que, "numa certa +    profundidade, a organização vital e a organização mental constituem apenas uma +    única e mesma coissa" (Piaget, 1968, p. 467). Podemos portanto ir ainda mais +    longe e considerar que todo o ato de organização viva comporta uma dimensão +    cognitiva. + +    [...] + +    Assinalar um fenômeno de conhecimento no ser celular aparece decerto como uma +    verdadeira projeção retrospectiva do indiferenciado. Mas esta projeção pode +    justificar sua necessidade: seria absurdo negar a atividade cognitiva num ser +    que apresenta suas condições (aparelho computante) e os seus resultados +    (distinção do si/não-si, extração de informações do universo exterior, etc.). A +    idéia de que a auto-organização viva comporta uma dimensão cognitiva dá sentido +    e coerência ao conjunto dos dados relativos à organização celular.  Mas, ao +    mesmo tempo, traz um aparente não-sentido à idéia de conhecimento, uma vez que +    trata de um conhecimento que não se conhece a si mesmo. Schelling dizia: "A +    vida é um saber que ignora a si mesmo...". + +    -- 207, 208 + +    A partir daí, o paradoxo do conhecimento que não se conhece agrava-se: como +    pode haver autoconhecimento para um conhecimento que não se conhece? + +    [...] + +    Estaríamos inteiramente desarmados diante do problema do autoconhecimento se +    não tivéssemos já reconhecido a auto-referência no âmago de todos os processos +    celulares e de informação (portanto de autoinformação), de comunicação +    (portanto de autocomunicação), de computação (portanto de autocomputação). +    Significa, ao mesmo tempo, que o circuito auto-referente de si a si faz +    regressar o computado ao computador; sendo o computado também o computador, o +    computado-computador regressa à computação do computador.  Trata-se de um +    circuito autocognitivo no qual o computador está apto não só para computar-se +    na parte por intermédio do todo, no todo por intermédio das partes, mas também +    para objetivar-se como computado (si, mim) e ressubjetivar-se como computador +    (eu). + +    -- 209 | 
