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authorSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2017-03-10 02:01:54 -0300
committerSilvio Rhatto <rhatto@riseup.net>2017-03-10 02:01:54 -0300
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-rw-r--r--books/filosofia/metodo.mdwn51
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diff --git a/books/filosofia/metodo.mdwn b/books/filosofia/metodo.mdwn
index b8e1b48..3e4dc0d 100644
--- a/books/filosofia/metodo.mdwn
+++ b/books/filosofia/metodo.mdwn
@@ -8,7 +8,7 @@
### Geral
-* Complexidade: complementaridade, concorrência e antagonismo de opostos em circuito.
+* Complexidade: circuito de complementaridade, concorrência e antagonismo de termos irredutíveis.
* Método, originalmente caminhada, 36.
* Jogo, 111.
* Simples, homologia e equivalência, 181.
@@ -605,7 +605,7 @@ Sujeito (220):
### Totalitarismo
Um novo e enorme poder de Estado tende a concentrar-se ao longo do século XX.
-
+
O Estado torna-se cada vez mais Estado-providência e Estado assistencial
(Welfare state). Num sentido, dedica-se cada vez mais à proteção e ao
bem-estar dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo, estende as suas competências a
@@ -613,7 +613,7 @@ Sujeito (220):
polimórfica, simultaneamente casulo (protetor mas eventualmente infantilizante)
e armadilha. Assim, desenvolve-se um Estado, de certo não totalitário, mas
totalizante, isto é, englobando todas as dimensões da existência humana.
-
+
Os notáveis desenvolvimentos informáticos, de que hoje se discutem as
ambivalências (Nora, Minc, 1978), deixam entrever espantosas possibilidades de
desconcentração comunicacionais e de que beneficiariam os indivíduos. Mas, ao
@@ -624,11 +624,11 @@ Sujeito (220):
dispositivos de detecção e de escuta em todos os terrenos) pode doravante
exercer-se sobre o desvio, anomalia, originalidade. A isto é necessário
acrescentar já as futuras ações bioquímicas sobre o espírito ----- cérebro
- \____________/
+
humano, que permitirão estabelecer uma normalização generalizada de todo o
desvio. Doravante, o Estado encontra-se dotado de poderes que, virtualmente,
excedem todos os poderes de controle e de intervenção jamais concentrados.
-
+
Aqui mesmo, temos de inscrever o processo aparentemente marginal,
sociologicamente menor, que já constatei (Método I): o conhecimento científico
produz-se cada vez menos para ser pensado e meditado por espíritos humanos, mas
@@ -642,20 +642,20 @@ Sujeito (220):
seja unicamente matematizado, formalizado, simplificador, mas, ao contrário,
muito capaz de fornecer aos poderes novas técnicas de controle, de manipulação,
de opressão, de terror, de destruição.
-
+
Ao aproximarmo-nos, pois, do momento em que podemos considerar que todos estes
processos conjuntos poderiam permitir ao ser do terceiro tipo realizar-se em
onipotência, não só sujeitando-nos e manipulando-nos, mas também
infantilizando-nos, irresponsabilizando-nos e despossuindo-nos da aspiração ao
conhecimento e do direito ao juízo.
-
+
Tal hipótese não é brincadeira intelectual, pois o Estado dedicado a essa
realização surgiu no século XX: o Estado totalitário. Instala-se, sob diversas
variantes, em todos os continentes, em todas as civilizações, em todas as
sociedades, sob o impulso, o controle, a apropriação de um aparelho soberano: o
partido detentor de todas as competências, possuidor de verdade sobre o homem,
a história, a natureza.
-
+
A partir daí, bastaria que este Estado totalitário concentrasse e utilizasse de
modo sistemático todas as formas de dominação/controle, não só burocráticas,
policiais, militares, mitológicas, políticas, mas também científicas, técnicas,
@@ -669,3 +669,38 @@ Sujeito (220):
constituam os artesãos de um desenvolvimento decisivo do ser do terceiro tipo.
-- 281, 282
+
+### Autos
+
+ Autos significa "o mesmo": não identidade consigo mesmo fundada numa
+ invariância estáica, não identidade de dois termos distintos e semelhantes, mas
+ unidade de um anel que, girando incessantemente do mesmo ao si mesmo, produz e
+ reproduz o mesmo.
+
+ O autos pertence à raça dos anéis turbilhonares. Um ciclo genérico de
+ reproduções faz suceder os vivos aos vivos. Um turnover fenomênico faz suceder
+ as moléculas às moléculas, as células às células (se policelular), os
+ indivíduos aos indivíduos (sociedade). Assim como um turbilhão desenha uma
+ figura estável no seio do fluxo, igualmente, e ainda mais, o dinamismo
+ turbilhonar do autos produz, a partir de uma inscrição genética invariante,
+ formas corporais aparentemente estáticas (células, organismos, sociedades) e
+ aparece desenhar no tempo um esquema ou pattern fixo. Aqui reencontramos o
+ vínculo pseudo-antinômico entre o movimento irreversível e o estado
+ estacionário, dinamismo e a estabilidade, já bem elucidado (O Método !).
+
+ -- 287
+
+ O princípio de integração próprio de autos é, portanto, um princípio
+ polianelante complexo que permite construir, simultaneamente, vários graus de
+ auto-organização, de individualidade, de ser, de existência. Uma propriedade
+ notável destas integrações mútuas é que as relações de pertença não anulam as
+ relações de exclusão: cada ser permanece, no seu grau, um indivíduo-sujeito
+ egocêntrico, embora "pertença" a um mega-ser, ele mesmo egocêntrico, de que é
+ uma parte ínfima e enferma.
+
+ De onde as consequências perturbadoras para a ontologia tradicional: embora os
+ seres-sujeitos se excluam uns aos outros do seu lugar egocêntrico, podem,
+ contudo, constituir vários seres em um, um ser em vários e, ao mesmo tempo,
+ fragmentos de mega-seres.
+
+ -- 290